PALESTRA SOBRE CANTORIA DE VIOLA
06. 11.2006 – QUINTO COCANE
( Por: Alberto Oliveira)
E assim tem sido por séculos. Partindo dos desertos mouros onde certamente nasceu, o Improviso e o Repente foram chegando às perfumadas ruas e avenidas de São Paulo e Nova York, ou em todo e qualquer vale existente no mundo. Fica claro que defendo o principio da origem árabe-moura para o surgimento da canção alternada.
Uma das expressões mais importantes da oralidade, o Repente e o Improviso não carece de definição acerca de sua origem e nascedouro. Ainda não apareceu estudioso algum - pelo menos desconheço – que tenha definido o lugar onde nasceu o Repente e o Improviso. Alguns situam esse nascimento na Grécia Antiga. Outros citam que seu surgimento se deu com o Trovadorismo Europeu, descendente direto da poesia romana da Antiguidade.
Aí eu pergunto:
DE ONDE VEIO O REPENTE?
De onde veio esse canto?Será ele provençal?Ou será árabe mouro, lá da África ancestral?Na solidão do deserto, do beduíno nasceu?Onde é mesmo sua origem, onde o canto apareceu?Das trovas medievais, esse cantar alternado?Um canto de desafio, esse canto improvisado?Lá dos aedos da Grécia, será ele descendente?Esse canto de improviso, de onde vem o repente?De origem universal, esse modo de cantar?Não se conhece a origem, do canto de improvisar?Ou será que não tem pátria, essa arte milenar?Onde nasceu esse canto?Qual é seu canto e lugar?
Costumo situar o seu nascimento no primeiro aglomerado da humanidade, a partir dos sons coloquiais emitidos pelos primitivos habitantes da terra.
A partir desses colóquios, com o acréscimo mais do que natural do ritmo nessa conversação, nasceu o que seria o embrião do Repente e do Improviso.Esse ritmo empregado na conversação criou as condições essenciais para o canto à capela dos primeiros Improvisadores.
Daí, nada mais natural do que o acréscimo de sons criados a partir de toscos instrumentos que se harmonizavam junto às loas daqueles pioneiros peregrinos do verso.
Definir exatamente onde nasceu o Repente e o Improviso é trabalho que a minha santa ignorância não alcança. Isto é missão para as Universidades, quando elas começarem a focar a Literatura Oral, como reclama o poeta Alberto da Cunha Melo, no seu excelente livro um Certo JÓ Patriota, da coleção Os Silenciados da Uzyna Cultura, editado com o apoio do SINDSEP-PE, Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, no ano de 2002.
Merece registro que Universidades Americanas (Berkeley, Columbia, Harvard, entre outras), incluíram a Literatura Oral nas suas cátedras, no estudo de idiomas, antropologia, literatura comparada e musica, conforme (mais uma vez) Alberto da Cunha Melo, citando Câmara Cascudo.
Como as elites brasileiras macaqueiam tudo que é criado pelos americanos, pode ser que um dia o exemplo seja aqui seguido.
Exemplos isolados merecem registro. E aqui louvo o Pesquisador José Rabelo que incluiu o Repente e Improviso nas aulas que ministrava na Faculdade da pequenina Arcoverde-Pe, como também o exemplo da Universidade de Campina Grande, acrescentando a Literatura Oral no seu Curso de Letras. Em alguns estados brasileiros, de forma incipiente, o Repente e o Improviso estão chegando ás Escolas. Espera-se que esse bom exemplo alcance todos os Estados Brasileiros.
Num livro que tenho pronto, denominado Cantoria de Viola, escrito em versos, eu reclamo desse descaso para com a Cultura de nosso povo. Advogo a inclusão da Cultura Popular, com ênfase no Repente e Improviso nas salas de aula, com oficinas semanais ministradas pelos Poetas Repentistas, com a justa remuneração pelo seu trabalho, às expensas do estado, aqui compreendido como guardião dos impostos pagos pela Sociedade. Peço também que a classe dos Poetas Repentistas, inicie movimento para o reconhecimento da Cantoria de Viola, como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro, assunto que já abordei há algum tempo em artigo que escrevi para o Jornal da Besta Fubana.
Esta, a minha visão sobre a Origem do Repente e do Improviso (me perdoem se acrescentei outros assuntos), antes da chegada na Península Ibérica (Sul da França e da Itália, Norte da Espanha e Portugal) com a invasão dos Árabes no Continente Europeu, que durou cerca de 800 anos, entre os séculos VIII e XV (anos 711 a 1492).
Expulsos os árabes do Continente Europeu, várias são as regiões onde os descendentes dos árabes mouros se abrigaram. O Nordeste Brasileiro foi uma delas. Chegaram com as levas dos primeiros colonizadores. Nessa região, inóspita e selvagem à época, a lembrar a Terra Mãe, encontraram o local ideal para a expansão da Manifestação por esse mundo de meu Deus, assunto que passo á minha amiga Maria Alice Amorim – essa sim pesquisadora que admiro e respeito - para continuar esse agradável bate-papo com vocês, pedindo permissão para deixar registrados alguns recados, em versos e em motes.
06. 11.2006 – QUINTO COCANE
( Por: Alberto Oliveira)
Sejam Bem Vindos!
Quero agradecer ao amigo Antonio Lisboa pelo convite para este Seminário, dizendo de antemão que o termo pesquisador empregado no Programa, é mais bondade do amigo e irmão, do que predicados desse que vos fala. Um autodidata não pode ser considerado um pesquisador que, exige, no mínimo, formação universitária, condição que não ostento. Sou, isto sim, o mais simples dos agentes que militam na área cultural e guerreiro intransigente contra o lixo cultural que nos avassala, sob o olhar complacente do estado, bancado por empresários imbecis e idiotas e divulgado à mão cheia pela mídia burra, interesseira e sem compromisso, salvo raríssimas exceções.
Quero agradecer ao amigo Antonio Lisboa pelo convite para este Seminário, dizendo de antemão que o termo pesquisador empregado no Programa, é mais bondade do amigo e irmão, do que predicados desse que vos fala. Um autodidata não pode ser considerado um pesquisador que, exige, no mínimo, formação universitária, condição que não ostento. Sou, isto sim, o mais simples dos agentes que militam na área cultural e guerreiro intransigente contra o lixo cultural que nos avassala, sob o olhar complacente do estado, bancado por empresários imbecis e idiotas e divulgado à mão cheia pela mídia burra, interesseira e sem compromisso, salvo raríssimas exceções.
Quem de vocês ouviu falar
do meu cantar de meu lugar
sob a branca cor luar
sonho inda hoje
com a lua à madrugada
lá no campo, orvalhada,
pelo sol a esperar!
O Poeta Repentista:
Na mente crio as imagens
Arrumo no pensamento
Matuto por um momento
As mais diversas paisagens
E assim nessas viagens
No oficio a trabalhar
O meu verso vou cantar
Com instrumento na mão
Trago o céu boto no chão
Ponho o mundo pra girar!
E assim tem sido por séculos. Partindo dos desertos mouros onde certamente nasceu, o Improviso e o Repente foram chegando às perfumadas ruas e avenidas de São Paulo e Nova York, ou em todo e qualquer vale existente no mundo. Fica claro que defendo o principio da origem árabe-moura para o surgimento da canção alternada.
Uma das expressões mais importantes da oralidade, o Repente e o Improviso não carece de definição acerca de sua origem e nascedouro. Ainda não apareceu estudioso algum - pelo menos desconheço – que tenha definido o lugar onde nasceu o Repente e o Improviso. Alguns situam esse nascimento na Grécia Antiga. Outros citam que seu surgimento se deu com o Trovadorismo Europeu, descendente direto da poesia romana da Antiguidade.
Aí eu pergunto:
DE ONDE VEIO O REPENTE?
De onde veio esse canto?Será ele provençal?Ou será árabe mouro, lá da África ancestral?Na solidão do deserto, do beduíno nasceu?Onde é mesmo sua origem, onde o canto apareceu?Das trovas medievais, esse cantar alternado?Um canto de desafio, esse canto improvisado?Lá dos aedos da Grécia, será ele descendente?Esse canto de improviso, de onde vem o repente?De origem universal, esse modo de cantar?Não se conhece a origem, do canto de improvisar?Ou será que não tem pátria, essa arte milenar?Onde nasceu esse canto?Qual é seu canto e lugar?
Costumo situar o seu nascimento no primeiro aglomerado da humanidade, a partir dos sons coloquiais emitidos pelos primitivos habitantes da terra.
A partir desses colóquios, com o acréscimo mais do que natural do ritmo nessa conversação, nasceu o que seria o embrião do Repente e do Improviso.Esse ritmo empregado na conversação criou as condições essenciais para o canto à capela dos primeiros Improvisadores.
Daí, nada mais natural do que o acréscimo de sons criados a partir de toscos instrumentos que se harmonizavam junto às loas daqueles pioneiros peregrinos do verso.
Definir exatamente onde nasceu o Repente e o Improviso é trabalho que a minha santa ignorância não alcança. Isto é missão para as Universidades, quando elas começarem a focar a Literatura Oral, como reclama o poeta Alberto da Cunha Melo, no seu excelente livro um Certo JÓ Patriota, da coleção Os Silenciados da Uzyna Cultura, editado com o apoio do SINDSEP-PE, Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, no ano de 2002.
Merece registro que Universidades Americanas (Berkeley, Columbia, Harvard, entre outras), incluíram a Literatura Oral nas suas cátedras, no estudo de idiomas, antropologia, literatura comparada e musica, conforme (mais uma vez) Alberto da Cunha Melo, citando Câmara Cascudo.
Como as elites brasileiras macaqueiam tudo que é criado pelos americanos, pode ser que um dia o exemplo seja aqui seguido.
Exemplos isolados merecem registro. E aqui louvo o Pesquisador José Rabelo que incluiu o Repente e Improviso nas aulas que ministrava na Faculdade da pequenina Arcoverde-Pe, como também o exemplo da Universidade de Campina Grande, acrescentando a Literatura Oral no seu Curso de Letras. Em alguns estados brasileiros, de forma incipiente, o Repente e o Improviso estão chegando ás Escolas. Espera-se que esse bom exemplo alcance todos os Estados Brasileiros.
Num livro que tenho pronto, denominado Cantoria de Viola, escrito em versos, eu reclamo desse descaso para com a Cultura de nosso povo. Advogo a inclusão da Cultura Popular, com ênfase no Repente e Improviso nas salas de aula, com oficinas semanais ministradas pelos Poetas Repentistas, com a justa remuneração pelo seu trabalho, às expensas do estado, aqui compreendido como guardião dos impostos pagos pela Sociedade. Peço também que a classe dos Poetas Repentistas, inicie movimento para o reconhecimento da Cantoria de Viola, como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro, assunto que já abordei há algum tempo em artigo que escrevi para o Jornal da Besta Fubana.
Esta, a minha visão sobre a Origem do Repente e do Improviso (me perdoem se acrescentei outros assuntos), antes da chegada na Península Ibérica (Sul da França e da Itália, Norte da Espanha e Portugal) com a invasão dos Árabes no Continente Europeu, que durou cerca de 800 anos, entre os séculos VIII e XV (anos 711 a 1492).
Expulsos os árabes do Continente Europeu, várias são as regiões onde os descendentes dos árabes mouros se abrigaram. O Nordeste Brasileiro foi uma delas. Chegaram com as levas dos primeiros colonizadores. Nessa região, inóspita e selvagem à época, a lembrar a Terra Mãe, encontraram o local ideal para a expansão da Manifestação por esse mundo de meu Deus, assunto que passo á minha amiga Maria Alice Amorim – essa sim pesquisadora que admiro e respeito - para continuar esse agradável bate-papo com vocês, pedindo permissão para deixar registrados alguns recados, em versos e em motes.
TUA VIOLA
Alberto Oliveira
Tua viola tem cordas
Tem braço e tem coração
E quando nela tu tocas
Dá pra sentir emoção?
Teu toque tem sentimento
Ou usas só a razão?
Ouvindo o som ofertado
Tu ficas a navegar
tu botas peixes nas árvores
pássaros no fundo do mar
ou apenas nela tocas
pelo prazer de tocar?
Tens muito que aprender
Nessa vida violeira
Tenta o verso impossíveL
Com a fiel companheira
Essa é tua missão
Oficio pra vida inteira!
APRESENTAÇÃO DE VIOLEIROS
Alberto Oliveira
Se alguém disse
que repente é hip - hop
não sabe o que é galope
cantado na beira mar
e nunca ouviu o martelo alagoano
violeiro soberano
no canto de improvisar!
O REPENTE NO TEMPO ESQUECIDO
E OS MITOS TOMANDO O SEU LUGAR!
SOBRA FARSA NO VERSO DECORADO
FALTA LUZ AO SUJEITO ENGANADOR!
Muito obrigado a Todos!
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" Alberto é filho natural de Sertânia "
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* Alberto Oliveira trabalhou no BNB Sertãnia, onde jogou futebol pelo AMÉRICA E. C. Aposentou -se pelo Banco do Nordeste, pós ocupar funções de destaque nesse banco. Ex-vice-presidente da AFASER-associação dos Filhos e Amigos de Sertânia-PE, foi um dos criadores da UZYNA CULTURAL e LIVRARIA EXPRESSA. É poeta e compositor.
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* Alberto Oliveira trabalhou no BNB Sertãnia, onde jogou futebol pelo AMÉRICA E. C. Aposentou -se pelo Banco do Nordeste, pós ocupar funções de destaque nesse banco. Ex-vice-presidente da AFASER-associação dos Filhos e Amigos de Sertânia-PE, foi um dos criadores da UZYNA CULTURAL e LIVRARIA EXPRESSA. É poeta e compositor.
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