sábado, 17 de julho de 2010

GALERIA LITERÁRIA

ULYSSES LINS : Um sertanejo na corte de Orfeu e na Academia Pernambucana de Letras
Por; (Marcos Cordeiro)

Foi à sombra de juazeiros e quixabeiras em flor e no alpendre da casa grande da Fazenda Conceição que conheci o homem Ulisses Lins de Albuquerque nas quatro ou cinco vezes que o acompanhei nas suas temporadas anuais naquele aprazível recanto, recamado de canafístulas, do Moxotó pernambucano.

Residente no Rio de Janeiro desde a década de quarenta, quando Deputado à Assembléia Constituinte de 1945, retornava todo ano para a sua querida gleba, onde me confessou certa vez, com o olhar dirigido para a Serra de Jabitacá, um pouco acima dos seus queridos jatobazeiros situados um pouco além do pátio: “Aqui é que realmente reside o meu coração... No Rio de Janeiro só reside a saudade daqui...”
Foi percorrendo as páginas de Fogo e Cinza, Moxoto Brabo, Um sertanejo e o Sertão, Sol Poente, A Noite Vem, Três Ribeiras, Chico Dandin e O Boi de Ouro e outras estórias, que conheci, realmente, o historiador, memorialista, poeta, “contador de estórias” e romancista Ulisses Lins de Albuquerque, amigo e companheiro do meu pai – poeta Waldemar Cordeiro, nas venturas e artes de Orfeu.

Trilhando as inúmeras veredas e caminhos das suas páginas, conheci a história de grande parte do território pernambucano, principalmente as regiões das ribeiras do Moxotó, do Pajeú, do Ipanema e adjacências, inclusive Monteiro na Paraíba. Nelas encontrei a alma dos seus antigos habitantes, de familiares e coronéis, passando por padres, cangaceiros, cantadores, violeiros, professores, soldados e até os mais humildes amigos, vaqueiros, ex-escravos e serviçais. Também conheci e revi antigos moradores de minha Sertânia. Muitos parentes meus estão ali vivos, juntamente com outros habitantes que deixaram nas linhas escritas por Ulisses Lins, momentos das suas histórias, mesmo que modestas, como o meu tio-bisavô Coronel Paulino Raphael da Cruz – grande chefe político do Pajeú, na época da guerra política entre o Conselheiro Rosa e Silva e o General Dantas Barreto, e os tios-avôs Miguel e Luís Aureliano de Sant´Anna ”intelectuais” que transformavam a barbearia do tio Miguel numa academia onde a política, a música e a poesia constituía o principal motivo das tertúlias nas tardes sonolentas de então.

Ali naquela terra sertaneja, onde o tempo só a muito custo passava, muitos dos seus embates políticos, eleições, revoluções (Revolução de 30), tragédias e dramas foram arrolados, com mestria, nas páginas de Ulisses Lins. Outras personalidades ali dormitam à espera que algum leitor os desperte da sonolência literária: O Mestre-de-Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, o padre Cícero Romão Batista de passagem por Alagoa de Baixo, o padre José Romain Colombet, o professor Moreira, o velho Tomás do Maxixe, Sinhozinho Góis, o capitão Severo, os barões de Cimbres e do Pajeú, o Governador Manoel Borba, os cangaceiros Antônio Piutá, Antônio Silvino e Virgulino Ferreira – Lampião, os ex-escravos Bárbara, Filipa, Paulina, Manoel Preto, Albino, entre outros, o coronel Budá (Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti), o coronel Manoel Inácio da Silva Azevedo, o Coronel Joaquim Bezerra da Silva, o Coronel Francisco Lopes, o Coronel Francisco Gomes (Chico Bernardo), o Coronel Joaquim Cavalcanti (Quinca Ingá), o valentão Basílio Quidute de Sousa Ferraz ou Basílio Arquiduque Bispo de Lorena, o poeta Alcides Lopes de Siqueira, seu pai o Coronel Manoel (Né) Lins de Albuquerque, sua mãe Teresa de Siqueira Lins de Albuquerque, Santa ou Carlota de Siqueira, bisavôs, seus tios, entre os quais o tio Dino, morto prematuramente, seus sobrinhos Arcôncio e Carmela, sua amada Rosa e a inefável Inah Lins de Albuquerque.

Nascido na Fazenda Pantaleão em 1889, numa terra onde “os invernos de longe em longe beijam”, o tetraneto do famoso Pica-Exu ou Pantaleão de Siqueira Barbosa, ao contrário do tetravô não foi picado por abelhas “papa-terra”, que habitam colméias nos troncos seculares de velhas baraúnas, aroeiras ou pereiros do Moxotó, mas pelo espírito da Abelha da Piéria, ou seja, a poetisa Safo de Lesbos. Ainda muito cedo, com 10 anos de idade e com os estímulos do seu professor João Neiva em Alagoa de Baixo, Ulisses Lins começou a escrever as suas primeiras “tentativas poéticas” – segundo suas próprias palavras.

Apesar dos conselhos do seu pai Coronel Né: “Você deixe essa mania de fazer versos, meu filho! Quase todo poeta morre doido!” Indiferente a tais conselhos, continuou escrevendo e teve seus primeiros poemas publicados na Gazeta de Pesqueira em 1905.
Certa manhã de clima agradabilíssimo de julho ao retornar de um passeio à “ilha” aonde eu fora sentir de perto o aroma inesquecível da florada de antigas quixabeiras tão suas amigas de infância, quando ali caçava rolinhas e salta-caminhos, encontrei-o sentado numa “preguiçosa” contando sílabas nos dedos. Acostumado a meu pai que também fazia essa contagem ao criar seus poemas, passei discretamente por uma porta lateral na direção da cozinha no intuito de não despertá-lo daquele momento de revelação entre musas, faunos, aedos e deuses da sua Arcádia íntima. À hora do almoço preparado pelas mãos de ouro de Belu que, diga-se de passagem, estava digno de deuses, como convém a um grande vate, ao confirmar para Ulisses Lins minha peregrinação às quixabeiras da ilha, ele entregou-me dois sonetos feitos por ele naquela manhã e exclamou: “Menino, você é um poeta! Você puxou a seu pai!”

Naquele momento não percebi muito bem o significado daquela sentença dita com tanta seriedade... Só anos mais tarde é que, realmente, percebi aquele vaticínio.
“- Você descobriu um dos motivos por que sinto, como uma ave de arribação, tanta necessidade de voltar todo ano à minha terra e às minhas reminiscências...”
Estávamos nesse diálogo quando o seu querido filho Waldemar Lins nos chamou para a mesa, para as delícias da gastronomia sertaneja de Belu.

Desse dia em diante passei a ler todos os livros de Ulisses Lins que me chegavam às mãos. Felizmente papai possuía vários deles e com preciosas dedicatórias. O primeiro que li foi Fogo e Cinza, cujo segundo poema, o soneto “Ao Moxotó” era dedicado a meu pai. Após diversas leituras e diversas interpretações dos capítulos: Sertão Mártir, Hino à Gleba, Alma da Terra, Estrada de Espinhos, Livro de Inah, passei para a grande viagem na “trilogia” dos “Cem anos de Solidão” do Moxotó, ou seja: Um sertanejo e o sertâo, Moxotó brabo e Três ribeiras. Para mim, fora mais do que um “curso de história da terra e do homem sertanejo das ribeiras pernambucanas do Moxotó, Pajeú e Ipanema”, lugares onde o poeta sertaniense traçou a geografia da sua literatura.

Nos poemas de Fogo e Cinza, habitam, cantam, gemem, murmuram e suspiram, além do coração do poeta, galos-de-campina, juritis, rolinhas, bem-te-vis, seriemas e todo um coro de vozes em louvor da terra e da alma pernambucana.Senhor de régua, compasso e aguda sensibilidade no seu ofício de escritor nascido e criado ouvindo cantadores e violeiros no alpendre do Pantaleão e nas feiras livres de Alagoa de Baixo, Ulisses Lins cultivou diversas formas fixas da arte da poesia. De sua pena saíram sonetos (veja-se O livro de Inah), quadras, quadrões, sextilhas, tercetos, decassílabos e alexandrinos, entre outras formas consagradas pela maioria dos poetas. De formação acadêmica simbolista e parnasiana, como a maioria dos poetas da sua época, logo se filiou a uma estética própria, cuja prosódia e sintaxe se encontravam no falar e pensar do “homem do nordeste”, porém livre de qualquer traço caricatural tão comum à maioria dos poetas ditos “matutos”. Apesar de sua origem sertaneja, sua poesia é erudita e mesmo refletindo um profundo traço telúrico e familiar, alcança a reflexão e emoção da poética universal.

Sobre a obra de Ulisses Lins muitos escritores e críticos deram os depoimentos que enriquecem sobremaneira a sua fortuna crítica. Entre eles podemos citar: Luís Jardim, Adonias Filho, Eneida, Samuel Duarte, José Condé, Geraldo de Freitas, Franklin de Sales, J.C.Oliveira Torres, Alcântara Silveira, Manuel Diegues Junior, Aloysio da Carvalho Filho, Mauro Mota, Sérgio Millet, Múcio Leão, Joaquim Pimenta, Edna Savaget, Francisco de Assis Barbosa, Odilon Nestor, Paulo Ronai, Mário Melo, Menotti Del Picchia, Esdras Farias, Antônio Carlos Vilaça e José Américo de Almeida, entre outros.

Decorridos tantos anos após a publicação do seu último livro em vida – O Boi de Ouro e outras Estórias, em 1975 pela Editora Cátedra do Rio de Janeiro, muitos estudantes, historiadores, mestrandos e doutorandos se debruçam sobre a sua obra em busca de roteiros e luzes para elaboração de suas teses de mestrados e doutorados.
Eleito em 1938 para a Academia Pernambucana de Letras, o sertaniense Ulisses Lins de Albuquerque ocupou a Cadeira nº 1, cujo patrono é Bento Teixeira Pinto. Antes de Ulisses Lins a Cadeira nº 1 foi ocupada por Barbosa Viana em 1901 e Zeferino Galvão em 1920. O atual ocupante da cadeira nº 1 é o escritor olindense Olímpio Bonald Neto.

*************************************************************************************

*Marcos Flávio Gomes Raphael Cordeiro, filho do poeta Waldemar Cordeiro e de D. Iracy Gomes Raphael,Pernambucano de Sertãnia, Republicano, Confederado do Equador,formado em Odontologia e zootecnia, Estudante, Poeta,Artista Plástico, dramaturgo com premiações em concursosliterários e em salões de arte Artesão e enamorado da vida e dos seus mistérios.

DEBATE CULTURAL

AS CIDADES E A CULTURA

Luiz Carlos Monteiro

É um fato consumado que as capitais brasileiras se movimentam com grande avidez cultural, nos campos extensivos da arte e da literatura, nestes inícios do século 21. Ninguém pode negar que, em cada uma delas, há a insurgência de um surto cultural que jamais se revela em mero continuísmo de outras décadas e gerações, em espúria macaqueação de outras regiões e países. Mas somente quem pode absorver o melhor de gerações anteriores, saberá os rumos a tomar quanto à sua própria geração. Porque os artistas, intelectuais e escritores buscam caminhos que, se não trazem nada de extraordinário no campo da inovação e da inventividade, não se caracterizam apenas pela repetição e esvaziamento. No meio destes encontros, aparições e performances organizadas ou caóticas, há que separar a palha verde do milho, o manguito mofado e travoso da manga-rosa saudável e restauradora.

Em várias manifestações artísticas e culturais existe gente se destacando. Não será preciso alinhar Brasil afora tantos nomes das artes plásticas, dança, cinema, teatro, música, literatura. Todos os dias aparecem caras novas em jornais de grande circulação. Contudo, o hábito de ler jornal diariamente está cada vez mais perdendo espaço para uma visada rápida nas manchetes, para a leitura superficial e sem compromisso de um ou outro artigo. Está se tornando uma prática maciça acompanhar o que acontece localmente ou no planeta pela Internet. Gente de empresas privadas e públicas produzindo eventos de grande, média ou pequena dimensão, blogs e sites que proliferam geometricamente, mídias mais atuais e em voga que se popularizam do dia para a noite. O acesso do mundo se faz ao alcance da mão, desde as teclas de um desktop ou de um notebook. A característica geral e em vias de uniformização dos seres humanos do pós-moderno traz de volta o individualismo e a exclusividade dos ambientes virtuais em casa, no lazer, no trabalho, na escola, em todas as extensões setorizadas da vida social.

Rasgos da cultura rural convivendo com o mais ferrenho urbanismo, com espaço para todos que quiserem trabalhar e ousar. Forrozeiros, declamadores e violeiros bem aceitos por plateias ecléticas, abrangendo desde o pesquisador universitário dos núcleos acadêmicos fechados, passando pelo funcionário público sacramentado, pelos empreendedores de opções financistas menos ambiciosas, até chegar aos jovens iconoclastas em formação. No Recife há um pessoal tão ousado que faz de toda a cultura uma festa só. São escoceses deslocados em suas saias tropicais, meninas sem senso de humor de longos coturnos e cabelos curtíssimos. Os maduros, idosos e senhoras longevas abrigam-se em academias e sociedades culturais, sem perder o vigor e a alegria de continuar burguesamente produzindo, expondo e publicando.

Neste torvelinho de vaidades em escala estática e sem ascensão visível, uma interrogação saltita no ar, pois ela deseja encontrar o artista: o poeta, o ficcionista, o pintor, o ensaísta, o cineasta, o fotógrafo. O poeta que não acumule versos no papel ou na tela simplesmente, desarrazoado e sem o senso secreto do ritmo. O ficcionista que, dentro de seu remover-se ocidental e cósmico, mostre a que veio, e se poderá ser partilhado por tantas pessoas que a vista não alcance. O pintor que não saiba apenas misturar cores e tintas, e sim transformá-las em objetos de desejo, prazer e conhecimento. O ensaísta que, na ambiência de sua especialização, mostre-se desabrido e aberto às múltiplas manifestações da arte e da cultura. O cineasta e o fotógrafo que vejam mais do que a realidade chã logra propiciar, libertos dos naturalismos e impressionismos que teimam em espetacularmente ressuscitar.

Um objeto para se brincar como outro qualquer, e de preferência, para aqueles amigos mais à frente do tempo, é a crítica cultural multifacetada em crítica sorriso, crítica coluna social, crítica acrítica. A matriz larga e cilíndrica da crítica se transforma em coisa tênue, barato, curtição para estes simulacros de analistas da própria sombra e do umbigo alheio. Abastecem e confortam uns poucos egos, a retirar de suas pretensas obras e trabalhos vistos de passagem, um salto qualitativo que tais supostas obras não comportam nem podem gerar.

É impossível negar, entretanto, ainda quando se espalham vertiginosamente tribos, confrarias e guetos, que as grandes cidades não cochilam quando se trata de cultura. A maioria dos agentes culturais não tem votos, a não ser o próprio, embora quando unidos interfiram nos orçamentos disponíveis. Posam às vezes de lideranças políticas e sujeitos politizados, cuja popularidade não resiste à primeira sabatina, enquete ou provocação pública. É preciso reconhecer que, nos cargos culturais onde corre dinheiro, não está descartado um político profissional comandando em surdina. Verbas vs. votos. E vice-versa. É o braço amigo quem aprova projetos, oficinas, shows, publicações. Que é o mesmo braço inimigo e desconhecedor da cultura, a promover nulidades. Ninguém pode mais do que estes braços todos comprimidos e juntos em torno dos fogos ambíguos e utilitários.

Não basta somente liberar verbas para pessoas ou entidades. Tem de haver algo mais que atinja a população carente de acertos básicos. Com trabalhos pontuais que precisam do mínimo de dinheiro público. Eventos que à vezes se tornam mais importantes para uma cidade do que as costumeiras apresentações diversificadas em festivais, shows, oficinas, congressos, palestras. Um trabalho subterrâneo e sem alarde midiático, de poesia, fala e teatro popular, a exemplo do de Ariano Suassuna. Composto de aulas que param e mobilizam as numerosas cidades aonde chegam, mesmo sendo a divulgação restrita. Os resultados mostram-se avassaladores, pois exibem momentos e funções populares de alegria autêntica, conscientização artística e interação criativa.

Quando se coloca um político profissional num cargo de gestão cultural, o desastre é certo e esperado. Ele vai levar consigo amigos, correligionários e gente auto-indicada ou indicada por pessoas de suas relações. Daí ao nepotismo disfarçado em obscuras genealogias ramificadas e à ausência de estratégias e ações é um passo. Se o gestor, de outra parte, é um fazedor de cultura, poderá ter bom trânsito entre fazedores de cultura, mas, quase sempre, se mostrará sofrível administrador e político. Um terceiro caso é o do gestor que é apenas técnico na área envolvida, que poderá ser bom administrador, contudo não gozará de transitação política nem entre quem produz cultura.

Para o mandatário de um Estado ou de uma cidade, esta é uma equação difícil de ser resolvida. No seu íntimo, preferiam talvez nomear alguém da política, por motivos e injunções óbvias. Podem ceder à tentação de indicar um nome proposto em amizade. Ou pela mera competência técnica. O desejável seria, para os cargos da cultura, nomes que aliassem, além de compromisso cultural já comprovado, as três condições referidas: a política, a técnica e a cultural. Algo espinhoso de se encontrar nos dias de hoje, pois todo mundo tem a necessidade de especializar-se em alguma área ou matéria, como consequência dos avanços da globalização e da competitividade.

*************************************************************************************
* Filho de Expedito Monteiro(Nô)e da professora do Olvo Bilac D. Cicera Rodrigues(que mora em frente ao D.E.R) eis Luiz Carlos Monteiro, Pernambucano de Sertânia, cidade do Sertão do Moxotó, estou radicado no Recife desde 1972. Não pude me esquivar à condição e ao destino de ser poeta, por isso persisto ainda em escrever poesia. Como derivações da atividade poética, faço crítica literária e atuo também na área da ensaística. Formado em Pedagogia e mestre em Teoria da Literatura pela UFPE. Publiquei os livros de poesia Na solidão do neon (Pirata, 1983), Vigílias (Fundarpe, 1990), Poemas (Ed. Universitária da UFPE, 1999), O impossível dizer e outros poemas (Bagaço, 2005) e de ensaios Para ler Maximiano Campos (Bagaço, 2008) e Musa fragmentada - a poética de Carlos Pena Filho (Ed. Universitária da UFPE, 2009). Organizei, em colaboração com Antônio Campos, o livro de contos do Prêmio Maximiano Campos nas versões 2, 3 e 4 (IMC/Bagaço, 2008). Tenho poemas publicados em antologias diversas, além de artigos e resenhas espalhados em sites, jornais e revistas de Pernambuco e de outros estados.(texto adaptado livremente por Josessandro Andrade).

Mestres da Poesia

Este espaço vai se destinar a abordar a vida e a obra dos mestres da peosia do Sertão do Moxotó : Ulysses Lins- o Trovador do Moxotó , Waldemar Cordeiro- O gênio do Lirismo,e Alcides Lopes de Siqueira- o Menestrel do SertãO. Eles são certamente as raízes da terra da poética do grande sertão de mil veredas.
A propósito, escrevi um poema que retrata as peculiaridades dos mesmos, em sextilhas em que busco sintetizar a importãncia dos mesmos para a poesia do Moxotó, misto dde tributo e agradecimento pelo que fizeram e reconhecimento da influu~encia positiva dos mesmo naquilo que aqui se escreve.


MESTRES DO MOXOTÓ



O SERTÃO DO MOXOTÓ
TEM FARTURA EM POESIA
DERRAMA FEIRA DE IMAGENS
ESBORROTANDO A BACIA
COM A FORÇA DE SEU RIO
EM NOITE DE INVERNIA

ULYSSES LINS, O TROVADOR
DAS RAÍZES DESSE CHÃO
NA SECA A ESPERANÇA
DO ESTRONDO DO TROVÃO
QUE PERFUMA A CAATINGA
COM O NÉCTAR DO SERTÃO

MESTRE WALDEMAR CORDEIRO
VATE DE VERSO MACIO
UM BOEMIO EM SERENATAS
POR SIBONEY NOITE A FIO
QUE AO GÊNIO DO LIRISMO
DA PAIXÃO FEZ DESAFIO

ALCIDES LOPES SIQUEIRA
MENESTREL DO SERTÃO
UM CARRO DE BOI CANTANDO
NO SEU EIXO EM COCÃO
É COMO SE REVELASSE
AS COISAS DO CORAÇÃO

NO MOXOTÓ A INFLUÊNCIA
DESTES MESTRES DA POESIA
SEDIMENTA OS ALICERCES
DO ALPENDRE DA MAGIA
EM QUE A CASA DO POETA
ACOLHE AS SUAS CRIAS

O SERTÃO É MINHA PÁTRIA,
MOXOTÓ MINHA RAIZ
UM CELEIRO DE POETAS
NO QUAL EU VIVO FELIZ
SE NUTRO O MEU JUÍZO
COM AQUILO QUE O PEITO DIZ

EIS OS MESTRES DA POESIA
DAS FLORES DAS QUIXABEIRAS
QUE O MOXOTÓ DE DEUS
COM ORIGENS CANGACEIRAS
OFERTA COMO DELEITE
UM POEMA EM CACHOEIRAS

RESENHA ARTÍSTICA

WILSON FREIRE(BIDA) EM LIVRO DE CONTOS

No dia 12 março, no Bar da Moeda, Wilson Freire, em comemoração aos seus cinquenta anos de vida, lançou seu mais novo livro, o “Cinquentinha”, composto por cinqüenta microcontos, gênero literário onde se narra um fato utilizando-se de no máximo cinqüenta letras.

Ao lado da família e amigos, em um clima de muita descontração e poesia, o poeta pode compartilhar de seus contos, de muito humor inteligente, e felicitar as pessoas que passavam pelo local. Todos queriam um autógrafo no livro fisicamente “pequeno” e que prova que para bom entendedor, poucas letras bastam.

A propósito do livro, o jornal DIARIO DE PERNAMBUCO publicou a seguinte reportagem,entitulada: "Espaço Mínimo amplia conceito de livro".

"Cinquenta microcontos com até cinquenta letras cada. Este foi o limite auto-imposto por Wilson Freire para compor sua nova obra, feita para comemorar a emblemática marca dos cinquenta “cumpleaños. Hoje, às 17h50, ele autografa a coletânea Cinquentinha no bar Casa da Moeda. A programação ainda conta com o recital poético e projeção de filmes assinada pela VJ Mary Gatis. Durante o evento, Cinquentinha estará à venda por R$ 10. A entrada é franca.

Nos últimos anos, esse sertanejo de São José do Egito, criado em Sertânia, divide seu tempo entre a medicina e a arte multimídia, onde tem atuado com distinção no front literário, musical e cinematográfico, com destaque para sua parceria com Antonio Nóbrega, o cineasta Heitor Dhalia e na direção do curta Miró: preto, pobre, poeta e periférico (2008).

Desta vez, Freire traz à tona uma publicação um provocativa, pois força os limites do conceito “livro” ao fazer uso do formato de uma cédula rasurada de R$ 5 como suporte para literatura. Diz que, apesar de Cinquentinha não cumprir os critérios da ABNT para definir um livro, ele o considera como tal.

“O formato faz parte da mensagem. Precisamos rever essas regras ultrapassadas, que não dão conta da liberdade de criação dos dias atuais”, diz o escritor, que não está só nessa empreitada. Como ilustração, ele cita Dois palitos, interessante livro-caixinha de fósforo com microcontos escritos pelo paranaense Samir Mesquita, e revela qual será o próximo passo: publicar seus textos em um minicalendário descartável. Uma ousadia estética que desemboca no próprio texto. Os “microcontos” de Freire tão curtos que levantam dúvidas se pertencem ao reino da prosa ou da poesia zen – o haicai. O autor discorda: “um microconto é narrativa passageira, e que diz logo a que veio. É de uma rapidez que faz parte da vida moderna.” Daí temas “urbanos” como violência, miséria e hábitos noturnos serem tratados com humor ácido e por vezes nonsense, algo próximo de outra narrativa baseada na brevidade: as tiras em quadrinhos.

Freire diz que começou a desenvolver o projeto há alguns anos, quando foi convidado por Marcelino Freire para participar do livro Os 100 menores contos do século (Ateliê Editorial), do qual participaram Dalton Trevisan, Manoel de Barros, Millôr Fernandes, entre outros. A proximidade com o cinqüentenário de vida foi o incentivo que faltava para realizar este trabalho solo, que encontra no prefácio, assinado pelo mesmo Marcelino, o momento mais abundante – afinal, são cerca de dez linhas."

(Por Andre Dib - Especial para o Diario de Pernambuco.)

Veja agora o prefácio da obra escrito pelo escritor , também sertaniense, Marcelino Freire( prêmio Jabuti de literatura) e primo de Wilson Freire.*Marcelino Freire É filho de Antônio Juvêncio Freire de Almeida. Primo de Juarez de Cícero Juvêncio e Joãozinho da Lojinha sports, de Djair Freire, de "Alema", filhos de Zé Juvêncio...



UM MICROPREFÁCIO
Por MARCELINO FREIRE

Não é todo mundo que chega aos 50 enxuto. Sem gordura. Escrevendo curto e grosso. No osso. Não é todo mundo que é grandioso. De um talento sem tamanho. Seja na literatura, na música, no cinema. Essa luz intensa. Vinda do sertão pernambucano. Esse coração medonho. Inspirador. Esse primamigo que muito me ensinou. A ser esse serzinho que sou. Devedor da sua arte. Que a tudo invade. Sempre com enorme generosidade. Entrega e respeito. Parabéns, querido WILSON FREIRE, por mais esse feito. O livro está superdivertido. Certeiro. Para ser lido num fôlego só. Comemorar um cinquentenário assim não tem coisa melhor. Nem lição maior. Valeu!
************************************************************************************

Wilson Freire(Bida) é filho de Tenente Jaime Santana e Dona Dora. irmão do Padre AIRTON Freire,do Sociólogo Welington Santana e do vereador em Arcoverde Jairo Freire.

Adquira o livro através do e-mail: biluz@terra.com.br

P O E M Á R I O

A Cidade que me toma
-Para você... , minha razão de ser-

Tu és uma cidade
Que percorro a pé
Em sussurros de madrugada

No palácio dos becos
Tu me possuis
E possessa
Toma-me mais
que por habitante
como coisa e propriedade vossa

És a própria festa em mim
Na tua praça de maio
Um céu que abre e fecha assim
Tão rápido no gozo em desmaio

Das veias de tuas ruas
Vejo lenços acenando nas janelas
Por damas de branco
E uma revoada de pombas
Cobre-me com a preversão
De um por-de sol impulsivo

Passeio por teus teatros e bares
E sinto –me mãos por debaixo das mesas
Apertando as minhas.
Quentes, muito quentes,
como teu ventre em rios,
aromas que bebo
na face da carne,
perguntas a eles
de quem esta sombra
que me acode
que me atiça
nos vãos da insônia.
Viro as pernas graves
Para o ar
Dos teus terrenos baldios
Pastando o capinzal
Do quintal líquido.

A ti Eu devoro,
Cidade desnuda,
te beijo , te mordo,
Decifro as esfinges
Que enfeitam tua alma.
Em tuas igrejas
Pago meus pecados
De joelhos
Recrio orações
Releio ladainhas
E absolve-0me das culpas
Na cumplicidade do confessionário

Tu és a cidade
Que investiga províncias
Em universos pequenos
De esquinas e camarins
De injustiças e conveniências,

Mas tudo mudas
e te tornas tão grande
quando tomas a mim
que fico sem saber
onde eu começo
e onde tu tens fim....


(De;Josessandro Andrade

PRECIOSIDADES DO MOXOTÓ

Lara Hauanna é um talento jovem feminino da nossa música. Hábil instrumentista, com seu sax contibui com a musicalidade sertaniense, transmitindo beleza e alegria. Filha do cantor , compositor e músico Heuris Tavares e da professora Laurinda Simões,Lara Hauanna iniciou sua carreira musical na banda municipal Sebas Mariano da qual ainda faz parte.Tem raízes artísticas que vão desde seu avô Zé Tavares, sanfoneiro da orquestra marajoara de Francisquinho, até seu tio, o professor e ex-vereador Isidoro Simões, atual presidente da ACORDES -Associação Cultural de Sertânia e na horas vagas tocador de triângulo.

O seu trabalho que vem obtendo destaque nas apresentações, chamou atenção de muita gente, levando- a apresenta-se juntamente com o Maestro Spok da orquestra Spok Frevo, no carnaval de Sertânia e com a orquetra de frevo 100% mulheres. A sua performance bastante elogiada rendeu o convite para integrar a orquestra 100% mulheres ,coordenada pela esposa do maestro Spok, apresentandop-se com a orquestra no carnaval 2010 em diversos shows pelo estado.

Mesmo com todo este sucessO, Hauanna continua com sua simplicidade e não se nega aatender convites da escola onde estuda (EREMOB)para se apresentar no auditório Waldemar Cordeiro e tocar para os amigos.

Exemplo de artista, de filha, de aluna, Hauanna é uma das preciosidades do Sertão do Moxotó.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

MOXOTÓ PRODUÇÕES- vem aí empresa que vai colocar a cultura da terra na frente

Está sendo criada a MOXOTÓ produções, empresa que vai colocar a cultura da terra na frente, inspirada na máxima de Leon Tostóy: "Pinte uma aldeia que você estará pintando o universo". A MOXOTÓ produções vai atuar no ramo de empreendimentos culturais, tanto com a iniciativa privada quanto com prefeituras.

A empresa pertencente a Josessandro Andrade e Wilton Augusto vai oferecer ao mercado produtos com a cultura local : marcadores de página, poster-poema, banners, painel de poema ilustrado, poemas em fachada, camisas e brindes para clientes. A prefeituras será ofertado consultoria em projetos de leitura. Também irá atuar com representações artísticas, empresariando artistas e grupos locais. Haverá Ainda para artistas a disponibilização de serviços de elaboração de realeses e sites.

A Moxotó produções já dispõe de logomarca criada pelo designer gráfico Silas Medeiros, bem como espaço alugado e o escritório está em fase de montagem.O imóvel localizado na rua Coronel Francisco Gomes, 74, centro, ao lado da sede do SINTEMUSE,será denominado de Centro Cultural Fernando Patriota, que abrigará além da empresa Moxotó produções, o IDEAL João Belarmino, Instituto de Debates, Estudos e Ações Libertárias.Breve o espaço será inaugurado e a empresa finalmente irá começa a funcionar.