terça-feira, 23 de novembro de 2010

IV FLIS -PROGRAMAÇÃO OFICIAL


CIRCUITO DE FESTIVAIS LITERÁRIOS DE SERTÃNIA 2010


I FLIC
-Festival de Literatura de Cordel-

- Homenagem a Genival Pereira ( Gato Novo)
Poeta Cordelista e Cantador de viola, em seus 60 anos de idade

Tributo In memorian
Gato Velho ( 20 anos de Morte)
Manoel Soares

EMEL
( Escola Municipal Etelvino Lins)
Sertânia-PE

Dia 23/11/2010

Manhã

A partir das 9 horas

- Barraca do cordel- Feira de folhetos de Gato Novo, Luiz Wilson e outros autores sertanienses e clássicos ( 3ª série).
- Leitura cordelizada ( declamação e desfile) com o folheto “o Retrato do Sertão”- de Gato Novo( 4ª série “A”).
-Jogral com o cordel “ A folhinha Alagoana para o ano de 2000” de Manoel Soares.
(5ª série “A”)..
-Maquete com Recital baseada no folheto “O torcedor marginal mantém torcida afastada” de Alberto Oliveira ( 6ª série “A”).

Apresentação do cordelista Genival Pereira ( Gato Novo).


Tarde
A partir das 14:00 horas

-Feira de cordel ( 4ª série “b”.)
-Jogral sobre o cordel “ Não tenho Medo de nada”- de Zito Jr ( 7ª série)
-Jogral com o cordel “ A folhinha Alagoana para o ano de 2000” de Manoel Soares.
(5ª série “B”).
-Dramatização baseada no cordel “Exemplo da moça que dançou carnaval no inferno para zombar de Frei Damião” de Manoel Soares.
- Homenagem a Gato Novo- apresentação do homenageado.
- Encenação do folheto “Desafio de João do Ouro e Gato Novo”.
- Projeto Cordelteca intinerante., dos professores Luiz Pinheiro e João Lúcio( diretores da ACORDES- Associação Cultural de Sertânia)
- Recital do poeta e Cordelista Josessandro Andrade- homenagem a Luiz Camarão(ex- funcionário da escola)
III FLIS Infantil


EPJM -Escola Professor Jorge de Meneses

Sertânia-PE


Programação

Dia 24 de novembro de 2010
A partir das 8:00 horas

• Homenagem a escritora de literatura infantil Vanuza Silva(ex-aluna da Escola Professor Jorge de Meneses) e ao professor Josessandro Andrade
• Dramatizações
• Recitais
• “Encenações das peças teatrais “Os Três Porquinhos” e “ A Formiguinha e a neve”


IV FLIS- Festival Literário do Sertão

“De Saramago a Ulysses Lins:
Nobel de Fato e de direito ”

Escola de Referência em Ensino Médio Olavo Bilac - EREMOB
Sertânia-PE

PROGRAMAÇÃO


DIA 25/11/2010 (Quinta-feira)

Manhã

8:00- Abertura oficial com Equipe Gestora

8:30-Salas temáticas
*Ulysses : diálogos.
(Poesia, imagens, fazer poético,oficinas)
- Coordenação dos professores Gilberto Farias ( Gyba), Paulo Neves e Michele Rocha.
* Ulysses : Réplica e Impressões : A fazenda Conceição, o lugar e o espaço na obra do poeta.
Coordenação dos professores: Edivanildo Nunes, Gustavo Veras e Paulo Eduardo.

9:30-Momento musical com Hipe Sanfoneiro.
10:00-Vídeo : “Bendita sois, Voz”. Documentário de Wilson Freire.
10:50- Encenação do cordel “ A Peleja do Rio São Francisco contra o Monstro da
destruição”. (texto de Wilson Freire). Coordenação: Prof. Gustavo Veras.
11: 30 - Teatro estudantil – Uma peça teatral de Ednerly ( aluna 2º “A”- EREMOB) - Coordenação da professora Michele Rocha.


Tarde

13:30- Momento Musical com Zé Luiz
14: 00- Conversa com o autor – Entrevista a Marcos Cordeiro ( poeta, artista plástico, Contista, autor teatral)
15:00- Vídeo “ Reminiscências em prosa e verso” – Documentário sobre o poeta
Rogaciano Leite. Direção de Tacianna Lopes ( Rádio Sertânia FM).
15:40- Música Instrumental: “Rabecal Moxotesco ” com Antônio Amaral e sua rabeca.
16:10- Texto do poeta Luiz Carlos Monteiro- leitura de um aluno do 1º “D”.
16:20- Roda de Poesia com os membros da SAPECAS- Sociedade dos Poetas,
Escritores, Compositores e Artistas de Sertânia

Local: Auditório Waldemar Cordeiro

Noite

19:30- Bate-papo com o Escritor e produtor cultural Alberto Oliveira, sobre o tema
“Desatando o nó da cultura”. pùblico alvo: artistas, fazedores de
cultura,jovens e o público em geral
20:00-SAPECADA –Poesia, prosa e música com os membros da SAPECAS- Sociedade
dos Poetas,Escritores, Compositores e Artistas de Sertãnia.
Local: Casa do Poeta ( Na Rua das Tabocas)

DIA: 26/11/2010 - Sexta-feira

Manhã


8:00 -Momento musical com Gilberto Farias (Gyba)
8:30-Conversa com o autor – Entrevista ao poeta e compositor Alberto Oliveira
9:00- Tributo ao poeta e escritor Ulysses Lins- toada com o Aboiador Luiz Freire
e cordel com Genival Pereira (Gato Novo)..
9:30- Mesa redonda sobre a obra de Ulysses Lins em prosa e verso: com Marcos
Cordeiro ( membro da Academia Recifense de Letras), João Henrique Lúcio
( Professor com especializações em História e sociologia, representante da
ACORDES – Associação Cultural de Sertânia), Luiz Pinheiro Filho( Professor,
Poeta e escritor de tradição oral, representante da SAPECAS- - Sociedade
dos Poetas,Escritores, Compositores e Artistas de Sertânia, Therezinha Lins
( Escritora, professora universitária, Psicóloga e idealizadora do Prêmio Ulysses Lins), Antônia krapp ( Escritora e Professora Universitária , autora de “Pães, Histórias e afetos”), Josessandro Andrade( Professor com especialização na obra poética de Ulysses Lins., coordenada pelo professor Gilberto Farias
10:00- Encenação do monólogo “ Anjo de Espinho”( texto de Ulysses Lins , adaptado
por Zito Jr.)
10:30- Leitura de poema em homenagem a Ulysses Lins, pela professora e
coordenadora Sócio- educacional Dora Carvalho.
10:40- Momento Musical com Antônio Amaral, com o show “Floração”
11:20- Solenidade de divulgação dos resultados e entrega da premiação dos vencedores
Do Prêmio Ulysses Lins.

Tarde


13:30-Lançamento do Livro de Leuces Xavier

14:00- Recital do poeta Dedé Monteiro ( Tabira-PE).

14:30- Roda de poesia com os poetas do jornal de Poesia “Cabeça de Rato”: Álvaro Góis, Zito Jr Josessandro Andrade e Flávio Magalhães .

15:00- Lançamentos:
• Jornal de poesia da EREMOB “Nascer do Poeta”
• Livro de poesia “Meus Poemas”, de Alane Wilma (aluna do 1º “E”- EREMOB).

16:00- III Caminhada Poética de Sertãnia
20:00- BAILE COM III DESFILE DAA MUSAS

terça-feira, 16 de novembro de 2010

FLIC - FESTIVAL DE LITERATURA DE CORDEL SERÁ REALIZADO PELA PRIMEIRA VEZ

Dia 23 de novembro na Escola Municipal Governador Etelvino Lins,em Sertânia estará acontecendo o I FLIC- Festival de Literatura de Cordel, que reunirá professores , alunos, poetas populares e a comunidade para celebrar esta importante manifestação literária da cultura nordestina.
O Evento terá como atividades oficina de rimas,encenações , projetos de leitura, recitais, exposições , entre outras. Como parte da programação estão confirmadas as seguintes atrações convidadas : Genival Pereira ( Gato Novo), cantador repentista e cordelista, homenageado do FLIC ao completar 60 anos de idade, o Projeto CORDELTECA,com os professores João Lúcio e Luiz Pinheiro ( Acordes- Associação Cultural de Sertânia)e o professor e poeta cordelista Josessandro Andrade. O Festival também faz homenagem á memória dos cordelistas Gato velho (20 anos de morte)e Manoel Soares.
o FLIC é mais uma extensão do iv Flis-Festival literário do Sertão(EREMOB- Escola de Referência em Ensino Médio Olavo Bilac) e juntamente com o FLIS infantil (Escola Jorge de Meneses) faz parte do Circuito de Festivais literários de Sertânia.. De acordo com Josessandro Andrade, coordenador do circuito, o FLIC Tem grande importância por ser o Primeiro do gênero que se tem notícia e por ter o folheto de cordel nordestino de autores da terra, como instrumento de incentivo a leitura. " O FLIC vem se somar aos outros dois festivais moostrando que Sertãnia é referência nacional de literatura e leitura, " afirma Josessandro Andrade.

IIII FLIS Infantil homenageará escritora Vanuza Silva





O FLIS -Festival Literário do Sertão, edição infantil ocorrerá no dia 22 de novembro, a partir das 8 horas na Escola Estadual Pofessor Jorge de Meneses, em Sertânia, como extensão do IV FLIS-Festival Literário do Sertão, integrando o circuito de festivais literários de Sertânia.
Entre as atividades previstas estão contação de histórias, encenações, recital de poesia, leituras dramáticas envolvendo os alunos da referida escola. A principal atração do evento é a escritora sertaniniense de literatura infantil Vanuza Silva, radicada no Recife há mais de 20 anos e autora de mais de mais de 10 livros infantis, entre os quais "As Formiguinhas" ( publicado pela editora paulista espaço idea), Mandacaruzinho- Rei do Sertão" (editado pela pernambucana ASNAI editora).Vanuza é a homenageada desta 3ª edição e é ex-aluna da Escola Jorge de Meneses.
Para Josessandro Andrade,vencedor do Prêmio Nacional Viva a leitura 2009
(MEC e Ministério da Cultura), professor da escola e coordenador do Festival o evento possui uma importãncia singular: a de estimular as crianças a ler numa
região tão carente de oportunidades como o sertão , mas de um povo inteligente.
"O nosso IDH é baixo, mas o QI é alto", brinca com o trocadilho das siglas.

FLIS inaugura circuito de festivais literários em Sertânia


Depois de ser vencedor do Prêmio nacional Viva a leitura em 2009, dos ministérios da educação e da cultura, o FLIS- Festival literário do Sertão, será novamente realizado, desta vez em sua quarta edição, no período de 22 a 26 de
Novembro de 2010, Sertânia, município do Sertão do Moxotó- distante 315 km do Recife.
O IV FLIS Ocorrerá na EREMOB-Escola de Referência em Ensino Médio
Olavo Bilac e tendo como tema: “De Saramago a Ulysses Lins- Nobel de fato e de direito”, numa homenagem ao escritor Português José Saramago e ao poeta e memorialista Pernambucano de Sertânia, que ocupou a cadeira nº 1 da Academia Pernambucana de Letras.
Além da EREMOB, O FLIS funcionará em mais duas extensões: o III FLIS
Infantil, que acontecerá na Escola Prof. Jorge de Meneses, consagrado a literatura infantil, que este ano homenageará a escritora Vanuza Silva, ex-aluna daquela instituição escolar e o I FLIC- Festival de Literatura de Cordel- Festival de Literatura de Cordel , que realizará-se na Escola Municipal Etelvino Lins, prestando um tributo ao cordelista e cantador repentista Genival Pereira (Gato Novo), que em outubro passado
Completou 60 anos de uma existência dedicada a poesia popular. Assim, estará se dando a estréia do Circuito de Festivais Literários de Sertânia, que “consolida o nome do município como cidade de poetas e escritores e referência nacional em literatura e leitura”, afirma o professor Josessandro Andrade, coordenador do FLIS.
Uma novidade do IV FLIS deste ano é o Prêmio Ulysses Lins, voltado para a classe estudantil da EREMOB, que ofertará computadores e troféus aos alunos vencedores das categorias resenha e poesia, tendo como tema a obra do referido escritor. Já estão confirmadas como atrações convidadas as presenças dos escritores Marcos Cordeiro( poeta , contista, artista plástico e dramaturgo) Alberto Oliveira( poeta, compositor e editor) Vanusa Silva (escritora de literatura infantil), Zito Jr.( poeta , artista plástico, Cineasta e editor do jornal de Poesia Cabeça de Rato), entre outros. Do Rio de Janeiro virão Teresinha Lins, Psicóloga, escritora e professora Universitária, filha de Ulysses Lins e a escritora e psicóloga capixaba Antônia Crapp, autora de “Pães, histórias e afetos”.
Das atividades da programação constam mesas-redondas, rodas de poesia, saraus,Lançamentos, exibição de vídeos, momentos musicais, caminhada poética, exposições literárias, recitais e desfile de musas O evento é uma parceria entre a EREMOB, Escola Jorge de Meneses e Escola Municpal Etelvino Lins, ACORDES- Associação Cultural de Sertânia. Já estiveram no FLIS Desde literatos pernambucanos como Luiz Carlos Monteiro, paulistas como Eraldo Miranda, até escritores internacionais como o colombiano Carlos Henrique Sierra.
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sábado, 17 de julho de 2010

GALERIA LITERÁRIA

ULYSSES LINS : Um sertanejo na corte de Orfeu e na Academia Pernambucana de Letras
Por; (Marcos Cordeiro)

Foi à sombra de juazeiros e quixabeiras em flor e no alpendre da casa grande da Fazenda Conceição que conheci o homem Ulisses Lins de Albuquerque nas quatro ou cinco vezes que o acompanhei nas suas temporadas anuais naquele aprazível recanto, recamado de canafístulas, do Moxotó pernambucano.

Residente no Rio de Janeiro desde a década de quarenta, quando Deputado à Assembléia Constituinte de 1945, retornava todo ano para a sua querida gleba, onde me confessou certa vez, com o olhar dirigido para a Serra de Jabitacá, um pouco acima dos seus queridos jatobazeiros situados um pouco além do pátio: “Aqui é que realmente reside o meu coração... No Rio de Janeiro só reside a saudade daqui...”
Foi percorrendo as páginas de Fogo e Cinza, Moxoto Brabo, Um sertanejo e o Sertão, Sol Poente, A Noite Vem, Três Ribeiras, Chico Dandin e O Boi de Ouro e outras estórias, que conheci, realmente, o historiador, memorialista, poeta, “contador de estórias” e romancista Ulisses Lins de Albuquerque, amigo e companheiro do meu pai – poeta Waldemar Cordeiro, nas venturas e artes de Orfeu.

Trilhando as inúmeras veredas e caminhos das suas páginas, conheci a história de grande parte do território pernambucano, principalmente as regiões das ribeiras do Moxotó, do Pajeú, do Ipanema e adjacências, inclusive Monteiro na Paraíba. Nelas encontrei a alma dos seus antigos habitantes, de familiares e coronéis, passando por padres, cangaceiros, cantadores, violeiros, professores, soldados e até os mais humildes amigos, vaqueiros, ex-escravos e serviçais. Também conheci e revi antigos moradores de minha Sertânia. Muitos parentes meus estão ali vivos, juntamente com outros habitantes que deixaram nas linhas escritas por Ulisses Lins, momentos das suas histórias, mesmo que modestas, como o meu tio-bisavô Coronel Paulino Raphael da Cruz – grande chefe político do Pajeú, na época da guerra política entre o Conselheiro Rosa e Silva e o General Dantas Barreto, e os tios-avôs Miguel e Luís Aureliano de Sant´Anna ”intelectuais” que transformavam a barbearia do tio Miguel numa academia onde a política, a música e a poesia constituía o principal motivo das tertúlias nas tardes sonolentas de então.

Ali naquela terra sertaneja, onde o tempo só a muito custo passava, muitos dos seus embates políticos, eleições, revoluções (Revolução de 30), tragédias e dramas foram arrolados, com mestria, nas páginas de Ulisses Lins. Outras personalidades ali dormitam à espera que algum leitor os desperte da sonolência literária: O Mestre-de-Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, o padre Cícero Romão Batista de passagem por Alagoa de Baixo, o padre José Romain Colombet, o professor Moreira, o velho Tomás do Maxixe, Sinhozinho Góis, o capitão Severo, os barões de Cimbres e do Pajeú, o Governador Manoel Borba, os cangaceiros Antônio Piutá, Antônio Silvino e Virgulino Ferreira – Lampião, os ex-escravos Bárbara, Filipa, Paulina, Manoel Preto, Albino, entre outros, o coronel Budá (Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti), o coronel Manoel Inácio da Silva Azevedo, o Coronel Joaquim Bezerra da Silva, o Coronel Francisco Lopes, o Coronel Francisco Gomes (Chico Bernardo), o Coronel Joaquim Cavalcanti (Quinca Ingá), o valentão Basílio Quidute de Sousa Ferraz ou Basílio Arquiduque Bispo de Lorena, o poeta Alcides Lopes de Siqueira, seu pai o Coronel Manoel (Né) Lins de Albuquerque, sua mãe Teresa de Siqueira Lins de Albuquerque, Santa ou Carlota de Siqueira, bisavôs, seus tios, entre os quais o tio Dino, morto prematuramente, seus sobrinhos Arcôncio e Carmela, sua amada Rosa e a inefável Inah Lins de Albuquerque.

Nascido na Fazenda Pantaleão em 1889, numa terra onde “os invernos de longe em longe beijam”, o tetraneto do famoso Pica-Exu ou Pantaleão de Siqueira Barbosa, ao contrário do tetravô não foi picado por abelhas “papa-terra”, que habitam colméias nos troncos seculares de velhas baraúnas, aroeiras ou pereiros do Moxotó, mas pelo espírito da Abelha da Piéria, ou seja, a poetisa Safo de Lesbos. Ainda muito cedo, com 10 anos de idade e com os estímulos do seu professor João Neiva em Alagoa de Baixo, Ulisses Lins começou a escrever as suas primeiras “tentativas poéticas” – segundo suas próprias palavras.

Apesar dos conselhos do seu pai Coronel Né: “Você deixe essa mania de fazer versos, meu filho! Quase todo poeta morre doido!” Indiferente a tais conselhos, continuou escrevendo e teve seus primeiros poemas publicados na Gazeta de Pesqueira em 1905.
Certa manhã de clima agradabilíssimo de julho ao retornar de um passeio à “ilha” aonde eu fora sentir de perto o aroma inesquecível da florada de antigas quixabeiras tão suas amigas de infância, quando ali caçava rolinhas e salta-caminhos, encontrei-o sentado numa “preguiçosa” contando sílabas nos dedos. Acostumado a meu pai que também fazia essa contagem ao criar seus poemas, passei discretamente por uma porta lateral na direção da cozinha no intuito de não despertá-lo daquele momento de revelação entre musas, faunos, aedos e deuses da sua Arcádia íntima. À hora do almoço preparado pelas mãos de ouro de Belu que, diga-se de passagem, estava digno de deuses, como convém a um grande vate, ao confirmar para Ulisses Lins minha peregrinação às quixabeiras da ilha, ele entregou-me dois sonetos feitos por ele naquela manhã e exclamou: “Menino, você é um poeta! Você puxou a seu pai!”

Naquele momento não percebi muito bem o significado daquela sentença dita com tanta seriedade... Só anos mais tarde é que, realmente, percebi aquele vaticínio.
“- Você descobriu um dos motivos por que sinto, como uma ave de arribação, tanta necessidade de voltar todo ano à minha terra e às minhas reminiscências...”
Estávamos nesse diálogo quando o seu querido filho Waldemar Lins nos chamou para a mesa, para as delícias da gastronomia sertaneja de Belu.

Desse dia em diante passei a ler todos os livros de Ulisses Lins que me chegavam às mãos. Felizmente papai possuía vários deles e com preciosas dedicatórias. O primeiro que li foi Fogo e Cinza, cujo segundo poema, o soneto “Ao Moxotó” era dedicado a meu pai. Após diversas leituras e diversas interpretações dos capítulos: Sertão Mártir, Hino à Gleba, Alma da Terra, Estrada de Espinhos, Livro de Inah, passei para a grande viagem na “trilogia” dos “Cem anos de Solidão” do Moxotó, ou seja: Um sertanejo e o sertâo, Moxotó brabo e Três ribeiras. Para mim, fora mais do que um “curso de história da terra e do homem sertanejo das ribeiras pernambucanas do Moxotó, Pajeú e Ipanema”, lugares onde o poeta sertaniense traçou a geografia da sua literatura.

Nos poemas de Fogo e Cinza, habitam, cantam, gemem, murmuram e suspiram, além do coração do poeta, galos-de-campina, juritis, rolinhas, bem-te-vis, seriemas e todo um coro de vozes em louvor da terra e da alma pernambucana.Senhor de régua, compasso e aguda sensibilidade no seu ofício de escritor nascido e criado ouvindo cantadores e violeiros no alpendre do Pantaleão e nas feiras livres de Alagoa de Baixo, Ulisses Lins cultivou diversas formas fixas da arte da poesia. De sua pena saíram sonetos (veja-se O livro de Inah), quadras, quadrões, sextilhas, tercetos, decassílabos e alexandrinos, entre outras formas consagradas pela maioria dos poetas. De formação acadêmica simbolista e parnasiana, como a maioria dos poetas da sua época, logo se filiou a uma estética própria, cuja prosódia e sintaxe se encontravam no falar e pensar do “homem do nordeste”, porém livre de qualquer traço caricatural tão comum à maioria dos poetas ditos “matutos”. Apesar de sua origem sertaneja, sua poesia é erudita e mesmo refletindo um profundo traço telúrico e familiar, alcança a reflexão e emoção da poética universal.

Sobre a obra de Ulisses Lins muitos escritores e críticos deram os depoimentos que enriquecem sobremaneira a sua fortuna crítica. Entre eles podemos citar: Luís Jardim, Adonias Filho, Eneida, Samuel Duarte, José Condé, Geraldo de Freitas, Franklin de Sales, J.C.Oliveira Torres, Alcântara Silveira, Manuel Diegues Junior, Aloysio da Carvalho Filho, Mauro Mota, Sérgio Millet, Múcio Leão, Joaquim Pimenta, Edna Savaget, Francisco de Assis Barbosa, Odilon Nestor, Paulo Ronai, Mário Melo, Menotti Del Picchia, Esdras Farias, Antônio Carlos Vilaça e José Américo de Almeida, entre outros.

Decorridos tantos anos após a publicação do seu último livro em vida – O Boi de Ouro e outras Estórias, em 1975 pela Editora Cátedra do Rio de Janeiro, muitos estudantes, historiadores, mestrandos e doutorandos se debruçam sobre a sua obra em busca de roteiros e luzes para elaboração de suas teses de mestrados e doutorados.
Eleito em 1938 para a Academia Pernambucana de Letras, o sertaniense Ulisses Lins de Albuquerque ocupou a Cadeira nº 1, cujo patrono é Bento Teixeira Pinto. Antes de Ulisses Lins a Cadeira nº 1 foi ocupada por Barbosa Viana em 1901 e Zeferino Galvão em 1920. O atual ocupante da cadeira nº 1 é o escritor olindense Olímpio Bonald Neto.

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*Marcos Flávio Gomes Raphael Cordeiro, filho do poeta Waldemar Cordeiro e de D. Iracy Gomes Raphael,Pernambucano de Sertãnia, Republicano, Confederado do Equador,formado em Odontologia e zootecnia, Estudante, Poeta,Artista Plástico, dramaturgo com premiações em concursosliterários e em salões de arte Artesão e enamorado da vida e dos seus mistérios.

DEBATE CULTURAL

AS CIDADES E A CULTURA

Luiz Carlos Monteiro

É um fato consumado que as capitais brasileiras se movimentam com grande avidez cultural, nos campos extensivos da arte e da literatura, nestes inícios do século 21. Ninguém pode negar que, em cada uma delas, há a insurgência de um surto cultural que jamais se revela em mero continuísmo de outras décadas e gerações, em espúria macaqueação de outras regiões e países. Mas somente quem pode absorver o melhor de gerações anteriores, saberá os rumos a tomar quanto à sua própria geração. Porque os artistas, intelectuais e escritores buscam caminhos que, se não trazem nada de extraordinário no campo da inovação e da inventividade, não se caracterizam apenas pela repetição e esvaziamento. No meio destes encontros, aparições e performances organizadas ou caóticas, há que separar a palha verde do milho, o manguito mofado e travoso da manga-rosa saudável e restauradora.

Em várias manifestações artísticas e culturais existe gente se destacando. Não será preciso alinhar Brasil afora tantos nomes das artes plásticas, dança, cinema, teatro, música, literatura. Todos os dias aparecem caras novas em jornais de grande circulação. Contudo, o hábito de ler jornal diariamente está cada vez mais perdendo espaço para uma visada rápida nas manchetes, para a leitura superficial e sem compromisso de um ou outro artigo. Está se tornando uma prática maciça acompanhar o que acontece localmente ou no planeta pela Internet. Gente de empresas privadas e públicas produzindo eventos de grande, média ou pequena dimensão, blogs e sites que proliferam geometricamente, mídias mais atuais e em voga que se popularizam do dia para a noite. O acesso do mundo se faz ao alcance da mão, desde as teclas de um desktop ou de um notebook. A característica geral e em vias de uniformização dos seres humanos do pós-moderno traz de volta o individualismo e a exclusividade dos ambientes virtuais em casa, no lazer, no trabalho, na escola, em todas as extensões setorizadas da vida social.

Rasgos da cultura rural convivendo com o mais ferrenho urbanismo, com espaço para todos que quiserem trabalhar e ousar. Forrozeiros, declamadores e violeiros bem aceitos por plateias ecléticas, abrangendo desde o pesquisador universitário dos núcleos acadêmicos fechados, passando pelo funcionário público sacramentado, pelos empreendedores de opções financistas menos ambiciosas, até chegar aos jovens iconoclastas em formação. No Recife há um pessoal tão ousado que faz de toda a cultura uma festa só. São escoceses deslocados em suas saias tropicais, meninas sem senso de humor de longos coturnos e cabelos curtíssimos. Os maduros, idosos e senhoras longevas abrigam-se em academias e sociedades culturais, sem perder o vigor e a alegria de continuar burguesamente produzindo, expondo e publicando.

Neste torvelinho de vaidades em escala estática e sem ascensão visível, uma interrogação saltita no ar, pois ela deseja encontrar o artista: o poeta, o ficcionista, o pintor, o ensaísta, o cineasta, o fotógrafo. O poeta que não acumule versos no papel ou na tela simplesmente, desarrazoado e sem o senso secreto do ritmo. O ficcionista que, dentro de seu remover-se ocidental e cósmico, mostre a que veio, e se poderá ser partilhado por tantas pessoas que a vista não alcance. O pintor que não saiba apenas misturar cores e tintas, e sim transformá-las em objetos de desejo, prazer e conhecimento. O ensaísta que, na ambiência de sua especialização, mostre-se desabrido e aberto às múltiplas manifestações da arte e da cultura. O cineasta e o fotógrafo que vejam mais do que a realidade chã logra propiciar, libertos dos naturalismos e impressionismos que teimam em espetacularmente ressuscitar.

Um objeto para se brincar como outro qualquer, e de preferência, para aqueles amigos mais à frente do tempo, é a crítica cultural multifacetada em crítica sorriso, crítica coluna social, crítica acrítica. A matriz larga e cilíndrica da crítica se transforma em coisa tênue, barato, curtição para estes simulacros de analistas da própria sombra e do umbigo alheio. Abastecem e confortam uns poucos egos, a retirar de suas pretensas obras e trabalhos vistos de passagem, um salto qualitativo que tais supostas obras não comportam nem podem gerar.

É impossível negar, entretanto, ainda quando se espalham vertiginosamente tribos, confrarias e guetos, que as grandes cidades não cochilam quando se trata de cultura. A maioria dos agentes culturais não tem votos, a não ser o próprio, embora quando unidos interfiram nos orçamentos disponíveis. Posam às vezes de lideranças políticas e sujeitos politizados, cuja popularidade não resiste à primeira sabatina, enquete ou provocação pública. É preciso reconhecer que, nos cargos culturais onde corre dinheiro, não está descartado um político profissional comandando em surdina. Verbas vs. votos. E vice-versa. É o braço amigo quem aprova projetos, oficinas, shows, publicações. Que é o mesmo braço inimigo e desconhecedor da cultura, a promover nulidades. Ninguém pode mais do que estes braços todos comprimidos e juntos em torno dos fogos ambíguos e utilitários.

Não basta somente liberar verbas para pessoas ou entidades. Tem de haver algo mais que atinja a população carente de acertos básicos. Com trabalhos pontuais que precisam do mínimo de dinheiro público. Eventos que à vezes se tornam mais importantes para uma cidade do que as costumeiras apresentações diversificadas em festivais, shows, oficinas, congressos, palestras. Um trabalho subterrâneo e sem alarde midiático, de poesia, fala e teatro popular, a exemplo do de Ariano Suassuna. Composto de aulas que param e mobilizam as numerosas cidades aonde chegam, mesmo sendo a divulgação restrita. Os resultados mostram-se avassaladores, pois exibem momentos e funções populares de alegria autêntica, conscientização artística e interação criativa.

Quando se coloca um político profissional num cargo de gestão cultural, o desastre é certo e esperado. Ele vai levar consigo amigos, correligionários e gente auto-indicada ou indicada por pessoas de suas relações. Daí ao nepotismo disfarçado em obscuras genealogias ramificadas e à ausência de estratégias e ações é um passo. Se o gestor, de outra parte, é um fazedor de cultura, poderá ter bom trânsito entre fazedores de cultura, mas, quase sempre, se mostrará sofrível administrador e político. Um terceiro caso é o do gestor que é apenas técnico na área envolvida, que poderá ser bom administrador, contudo não gozará de transitação política nem entre quem produz cultura.

Para o mandatário de um Estado ou de uma cidade, esta é uma equação difícil de ser resolvida. No seu íntimo, preferiam talvez nomear alguém da política, por motivos e injunções óbvias. Podem ceder à tentação de indicar um nome proposto em amizade. Ou pela mera competência técnica. O desejável seria, para os cargos da cultura, nomes que aliassem, além de compromisso cultural já comprovado, as três condições referidas: a política, a técnica e a cultural. Algo espinhoso de se encontrar nos dias de hoje, pois todo mundo tem a necessidade de especializar-se em alguma área ou matéria, como consequência dos avanços da globalização e da competitividade.

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* Filho de Expedito Monteiro(Nô)e da professora do Olvo Bilac D. Cicera Rodrigues(que mora em frente ao D.E.R) eis Luiz Carlos Monteiro, Pernambucano de Sertânia, cidade do Sertão do Moxotó, estou radicado no Recife desde 1972. Não pude me esquivar à condição e ao destino de ser poeta, por isso persisto ainda em escrever poesia. Como derivações da atividade poética, faço crítica literária e atuo também na área da ensaística. Formado em Pedagogia e mestre em Teoria da Literatura pela UFPE. Publiquei os livros de poesia Na solidão do neon (Pirata, 1983), Vigílias (Fundarpe, 1990), Poemas (Ed. Universitária da UFPE, 1999), O impossível dizer e outros poemas (Bagaço, 2005) e de ensaios Para ler Maximiano Campos (Bagaço, 2008) e Musa fragmentada - a poética de Carlos Pena Filho (Ed. Universitária da UFPE, 2009). Organizei, em colaboração com Antônio Campos, o livro de contos do Prêmio Maximiano Campos nas versões 2, 3 e 4 (IMC/Bagaço, 2008). Tenho poemas publicados em antologias diversas, além de artigos e resenhas espalhados em sites, jornais e revistas de Pernambuco e de outros estados.(texto adaptado livremente por Josessandro Andrade).

Mestres da Poesia

Este espaço vai se destinar a abordar a vida e a obra dos mestres da peosia do Sertão do Moxotó : Ulysses Lins- o Trovador do Moxotó , Waldemar Cordeiro- O gênio do Lirismo,e Alcides Lopes de Siqueira- o Menestrel do SertãO. Eles são certamente as raízes da terra da poética do grande sertão de mil veredas.
A propósito, escrevi um poema que retrata as peculiaridades dos mesmos, em sextilhas em que busco sintetizar a importãncia dos mesmos para a poesia do Moxotó, misto dde tributo e agradecimento pelo que fizeram e reconhecimento da influu~encia positiva dos mesmo naquilo que aqui se escreve.


MESTRES DO MOXOTÓ



O SERTÃO DO MOXOTÓ
TEM FARTURA EM POESIA
DERRAMA FEIRA DE IMAGENS
ESBORROTANDO A BACIA
COM A FORÇA DE SEU RIO
EM NOITE DE INVERNIA

ULYSSES LINS, O TROVADOR
DAS RAÍZES DESSE CHÃO
NA SECA A ESPERANÇA
DO ESTRONDO DO TROVÃO
QUE PERFUMA A CAATINGA
COM O NÉCTAR DO SERTÃO

MESTRE WALDEMAR CORDEIRO
VATE DE VERSO MACIO
UM BOEMIO EM SERENATAS
POR SIBONEY NOITE A FIO
QUE AO GÊNIO DO LIRISMO
DA PAIXÃO FEZ DESAFIO

ALCIDES LOPES SIQUEIRA
MENESTREL DO SERTÃO
UM CARRO DE BOI CANTANDO
NO SEU EIXO EM COCÃO
É COMO SE REVELASSE
AS COISAS DO CORAÇÃO

NO MOXOTÓ A INFLUÊNCIA
DESTES MESTRES DA POESIA
SEDIMENTA OS ALICERCES
DO ALPENDRE DA MAGIA
EM QUE A CASA DO POETA
ACOLHE AS SUAS CRIAS

O SERTÃO É MINHA PÁTRIA,
MOXOTÓ MINHA RAIZ
UM CELEIRO DE POETAS
NO QUAL EU VIVO FELIZ
SE NUTRO O MEU JUÍZO
COM AQUILO QUE O PEITO DIZ

EIS OS MESTRES DA POESIA
DAS FLORES DAS QUIXABEIRAS
QUE O MOXOTÓ DE DEUS
COM ORIGENS CANGACEIRAS
OFERTA COMO DELEITE
UM POEMA EM CACHOEIRAS

RESENHA ARTÍSTICA

WILSON FREIRE(BIDA) EM LIVRO DE CONTOS

No dia 12 março, no Bar da Moeda, Wilson Freire, em comemoração aos seus cinquenta anos de vida, lançou seu mais novo livro, o “Cinquentinha”, composto por cinqüenta microcontos, gênero literário onde se narra um fato utilizando-se de no máximo cinqüenta letras.

Ao lado da família e amigos, em um clima de muita descontração e poesia, o poeta pode compartilhar de seus contos, de muito humor inteligente, e felicitar as pessoas que passavam pelo local. Todos queriam um autógrafo no livro fisicamente “pequeno” e que prova que para bom entendedor, poucas letras bastam.

A propósito do livro, o jornal DIARIO DE PERNAMBUCO publicou a seguinte reportagem,entitulada: "Espaço Mínimo amplia conceito de livro".

"Cinquenta microcontos com até cinquenta letras cada. Este foi o limite auto-imposto por Wilson Freire para compor sua nova obra, feita para comemorar a emblemática marca dos cinquenta “cumpleaños. Hoje, às 17h50, ele autografa a coletânea Cinquentinha no bar Casa da Moeda. A programação ainda conta com o recital poético e projeção de filmes assinada pela VJ Mary Gatis. Durante o evento, Cinquentinha estará à venda por R$ 10. A entrada é franca.

Nos últimos anos, esse sertanejo de São José do Egito, criado em Sertânia, divide seu tempo entre a medicina e a arte multimídia, onde tem atuado com distinção no front literário, musical e cinematográfico, com destaque para sua parceria com Antonio Nóbrega, o cineasta Heitor Dhalia e na direção do curta Miró: preto, pobre, poeta e periférico (2008).

Desta vez, Freire traz à tona uma publicação um provocativa, pois força os limites do conceito “livro” ao fazer uso do formato de uma cédula rasurada de R$ 5 como suporte para literatura. Diz que, apesar de Cinquentinha não cumprir os critérios da ABNT para definir um livro, ele o considera como tal.

“O formato faz parte da mensagem. Precisamos rever essas regras ultrapassadas, que não dão conta da liberdade de criação dos dias atuais”, diz o escritor, que não está só nessa empreitada. Como ilustração, ele cita Dois palitos, interessante livro-caixinha de fósforo com microcontos escritos pelo paranaense Samir Mesquita, e revela qual será o próximo passo: publicar seus textos em um minicalendário descartável. Uma ousadia estética que desemboca no próprio texto. Os “microcontos” de Freire tão curtos que levantam dúvidas se pertencem ao reino da prosa ou da poesia zen – o haicai. O autor discorda: “um microconto é narrativa passageira, e que diz logo a que veio. É de uma rapidez que faz parte da vida moderna.” Daí temas “urbanos” como violência, miséria e hábitos noturnos serem tratados com humor ácido e por vezes nonsense, algo próximo de outra narrativa baseada na brevidade: as tiras em quadrinhos.

Freire diz que começou a desenvolver o projeto há alguns anos, quando foi convidado por Marcelino Freire para participar do livro Os 100 menores contos do século (Ateliê Editorial), do qual participaram Dalton Trevisan, Manoel de Barros, Millôr Fernandes, entre outros. A proximidade com o cinqüentenário de vida foi o incentivo que faltava para realizar este trabalho solo, que encontra no prefácio, assinado pelo mesmo Marcelino, o momento mais abundante – afinal, são cerca de dez linhas."

(Por Andre Dib - Especial para o Diario de Pernambuco.)

Veja agora o prefácio da obra escrito pelo escritor , também sertaniense, Marcelino Freire( prêmio Jabuti de literatura) e primo de Wilson Freire.*Marcelino Freire É filho de Antônio Juvêncio Freire de Almeida. Primo de Juarez de Cícero Juvêncio e Joãozinho da Lojinha sports, de Djair Freire, de "Alema", filhos de Zé Juvêncio...



UM MICROPREFÁCIO
Por MARCELINO FREIRE

Não é todo mundo que chega aos 50 enxuto. Sem gordura. Escrevendo curto e grosso. No osso. Não é todo mundo que é grandioso. De um talento sem tamanho. Seja na literatura, na música, no cinema. Essa luz intensa. Vinda do sertão pernambucano. Esse coração medonho. Inspirador. Esse primamigo que muito me ensinou. A ser esse serzinho que sou. Devedor da sua arte. Que a tudo invade. Sempre com enorme generosidade. Entrega e respeito. Parabéns, querido WILSON FREIRE, por mais esse feito. O livro está superdivertido. Certeiro. Para ser lido num fôlego só. Comemorar um cinquentenário assim não tem coisa melhor. Nem lição maior. Valeu!
************************************************************************************

Wilson Freire(Bida) é filho de Tenente Jaime Santana e Dona Dora. irmão do Padre AIRTON Freire,do Sociólogo Welington Santana e do vereador em Arcoverde Jairo Freire.

Adquira o livro através do e-mail: biluz@terra.com.br

P O E M Á R I O

A Cidade que me toma
-Para você... , minha razão de ser-

Tu és uma cidade
Que percorro a pé
Em sussurros de madrugada

No palácio dos becos
Tu me possuis
E possessa
Toma-me mais
que por habitante
como coisa e propriedade vossa

És a própria festa em mim
Na tua praça de maio
Um céu que abre e fecha assim
Tão rápido no gozo em desmaio

Das veias de tuas ruas
Vejo lenços acenando nas janelas
Por damas de branco
E uma revoada de pombas
Cobre-me com a preversão
De um por-de sol impulsivo

Passeio por teus teatros e bares
E sinto –me mãos por debaixo das mesas
Apertando as minhas.
Quentes, muito quentes,
como teu ventre em rios,
aromas que bebo
na face da carne,
perguntas a eles
de quem esta sombra
que me acode
que me atiça
nos vãos da insônia.
Viro as pernas graves
Para o ar
Dos teus terrenos baldios
Pastando o capinzal
Do quintal líquido.

A ti Eu devoro,
Cidade desnuda,
te beijo , te mordo,
Decifro as esfinges
Que enfeitam tua alma.
Em tuas igrejas
Pago meus pecados
De joelhos
Recrio orações
Releio ladainhas
E absolve-0me das culpas
Na cumplicidade do confessionário

Tu és a cidade
Que investiga províncias
Em universos pequenos
De esquinas e camarins
De injustiças e conveniências,

Mas tudo mudas
e te tornas tão grande
quando tomas a mim
que fico sem saber
onde eu começo
e onde tu tens fim....


(De;Josessandro Andrade

PRECIOSIDADES DO MOXOTÓ

Lara Hauanna é um talento jovem feminino da nossa música. Hábil instrumentista, com seu sax contibui com a musicalidade sertaniense, transmitindo beleza e alegria. Filha do cantor , compositor e músico Heuris Tavares e da professora Laurinda Simões,Lara Hauanna iniciou sua carreira musical na banda municipal Sebas Mariano da qual ainda faz parte.Tem raízes artísticas que vão desde seu avô Zé Tavares, sanfoneiro da orquestra marajoara de Francisquinho, até seu tio, o professor e ex-vereador Isidoro Simões, atual presidente da ACORDES -Associação Cultural de Sertânia e na horas vagas tocador de triângulo.

O seu trabalho que vem obtendo destaque nas apresentações, chamou atenção de muita gente, levando- a apresenta-se juntamente com o Maestro Spok da orquestra Spok Frevo, no carnaval de Sertânia e com a orquetra de frevo 100% mulheres. A sua performance bastante elogiada rendeu o convite para integrar a orquestra 100% mulheres ,coordenada pela esposa do maestro Spok, apresentandop-se com a orquestra no carnaval 2010 em diversos shows pelo estado.

Mesmo com todo este sucessO, Hauanna continua com sua simplicidade e não se nega aatender convites da escola onde estuda (EREMOB)para se apresentar no auditório Waldemar Cordeiro e tocar para os amigos.

Exemplo de artista, de filha, de aluna, Hauanna é uma das preciosidades do Sertão do Moxotó.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

MOXOTÓ PRODUÇÕES- vem aí empresa que vai colocar a cultura da terra na frente

Está sendo criada a MOXOTÓ produções, empresa que vai colocar a cultura da terra na frente, inspirada na máxima de Leon Tostóy: "Pinte uma aldeia que você estará pintando o universo". A MOXOTÓ produções vai atuar no ramo de empreendimentos culturais, tanto com a iniciativa privada quanto com prefeituras.

A empresa pertencente a Josessandro Andrade e Wilton Augusto vai oferecer ao mercado produtos com a cultura local : marcadores de página, poster-poema, banners, painel de poema ilustrado, poemas em fachada, camisas e brindes para clientes. A prefeituras será ofertado consultoria em projetos de leitura. Também irá atuar com representações artísticas, empresariando artistas e grupos locais. Haverá Ainda para artistas a disponibilização de serviços de elaboração de realeses e sites.

A Moxotó produções já dispõe de logomarca criada pelo designer gráfico Silas Medeiros, bem como espaço alugado e o escritório está em fase de montagem.O imóvel localizado na rua Coronel Francisco Gomes, 74, centro, ao lado da sede do SINTEMUSE,será denominado de Centro Cultural Fernando Patriota, que abrigará além da empresa Moxotó produções, o IDEAL João Belarmino, Instituto de Debates, Estudos e Ações Libertárias.Breve o espaço será inaugurado e a empresa finalmente irá começa a funcionar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

IV EMPOSSAR REUNE POETAS E ARTISTAS NO SÁBADO DE ALELUIA

Sociedade dos Poetas, Escritores, Compositores e Artistas de Sertânia


IV EMPOSSAR –ENCONTRO DE POETAS E ARTISTAS SERTANIENSES

“...Rural, o mundo era rural...” (Joacyr de Castro)

CONVITE

A SAPECAS- Sociedade dos Poetas, Escritores, Compositores e Artistas de Sertânia convida você e sua família para participar do IV EMPOSSAR –ENCONTRO DE POETAS E ARTISTAS SERTANIENSES, neste sábado de aleluia, dia 03 de abril na Casa do Poeta, no bar de Zé Mago, na Rua das Tabocas, no Centro de Sertânia, a partir das 11:00 horas , com a seguinte programação:

-ABERTURA COM HOMENAGENS- APRESENTAÇÃO JORNALISTA TACIANNA LOPES
(RÁDIO SERTÂNIA FM)
-SHOW-HUMORÍSTICO-MUSICAL”COISAS DO RÁDIO” COM CIEUDES BRASILIANO E CONVIDADOS
-MÚSICA E POESIA COM JUNIOR DE TARCISO E GLAUBER
-RECITAL DA SAPECAS – POESIA E MÚSICAS AUTORAIS COM GAUDÊNCIO
NETO, EDIVANILDO NUNES, CALU VITAL, RICARDO MARIANO, GILMARQUES
ANDRADE, ROSINHA, ESPEDITO MATOS, LUIZ PINHEIRO, ANTONIO AMARAL,
ALMIR ROSENDO, GENIVAL PEREIRA(GATO NOVO), PAULO MARIANO, JOÃO LÚCIO,
JACIEL BEZERRA E DENILSON CAVALCANTI.,BRUNO DO ACORDEON, JUNIOR CORDEL,
JOSESSANDRO ANDRADE, COM ZÉ LUIZ(MONTEIRO-PB)
-MÚSICA COM ROBERTO ARAUJO (ROBERARTES), JAILSON SANTANA
-POESIA COM IVANILDO SILVA (POETA POPULAR DA SERRA DE JABITACÁ)
-MÚSICA COM DANIEL MEDEIROS , RONA LOPES.
-POESIA COM ESIO RAFAEL
-MOMENTO DE HUMOR COM CEBOLINHA
-LANÇAMENTO DO CD “TOADA BOCA DE GROTA” - LUIZ FREIRE, DJACY,ZÉ MIÚDO,
ARCONCINHO E TINUCA.
-COCO DE PROFESSOR LUIZ WILSON(CHECÃO)
-MÚSICA COM ROBERTINHO ARAUJO , ZENILTON(COMPESA
-FEIRA DE POESIA POPULAR COM OS DECLAMADORES ABEL DOCEIRO, NENEN DAS
COCADAS, GILSON GÊNIO, FELIPE MORAIS E ZENILTON.
-MÚSICA COM TIAGO PATRIOTA.
-LANÇAMENTO DA EDIÇÃO DE ABRIL DO JORNAL DE POESIA CABEÇA DE RATO.
COM FLÁVIO MAGALHÃES, ALVARO GOIS E JOSESSANDRO ANDRADE.
- MÚSICA E POESIA COM FABIANO CLEMENTE.

DESDE JÁ AGRADECEMOS SUA PRESENÇA

ATENCIOSAMENTE
A COORDENAÇÃO

*A COORDENAÇÃO-GERAL ESTÁ SOLICITANDO DE CADA ARTISTA A APRESENTAÇÃO DE APENAS UM TRABALHO PARA POSSIBLITAR QUE TODOS SE APRESENTEM . FEITO ISTO, O ESPAÇO FICARÁ DISPONÍVEL PARA OS QUE QUISERAM VOLTAR PARA DAR CANJAS OU OUTROS QUE POR VENTURA ESTEJAM POR LÁ E DESEJAREM SE APRESENTAR.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

POEMÁRIO

MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

JOSESSANDRO ANDRADE


COM A PURA ESSÊNCIA DA REBELDIA
EU SOU UM TROVADOR VISIONÁRIO
NO PEITO DE IDEAIS LIBERTÁRIOS
FAÇO O ARRAIAL DA POESIA
DAS RAÍZES EXTRAIO A SINFONIA
PRÁ ORQUESTRA DAS ÁGUAS LÁ DO CÉU
OS RAIOS TROVEJANDO NUM CORDEL
NA VANGUARDA DA SENSIBILIDADE
QUEM SONHA UMA NOVA REALIDADE
OUÇA O MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

ARTISTAS , MALUCOS , SONHADORES
PROFETAS , BOEMIOS, E MARGINAIS
NÃO IRÃO SE ACOMODAR JAMAIS
AO IMPÉRIO ASTUTO DOS IMPOSTORES
SÃO OS ROMÂNTICOS AGITADORES
DA HIPOCRISIA ARRANCAM LOGO O VÉU
PARA QUE O CIRCO DO PALÁCIO INFIEL
NÃO MASCARE INDA MAIS O QUE É VERDADE
QUEM SONHA UMA NOVA REALIDADE
OUÇA O MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

MINHA ALMA PROCURA O INTANGÍVEL
DIANTE DA INCONSISTENCIA DESSA VIDA
A ANSIEDADE SE TORNA DESMEDIDA
ANGUSTIANDO O ESPÍRITO SENSÍVEL
VÊ AS GARRAS DOVINHO PREFERÍVEL
QUE AS TEIAS DA OPRESSÃO TÃO CRUEL
SE A SUJEIRA APARENTE DO BORDEL
É MENOR QUE A DA SOCIEDADE
QUEM SONHA UMA NOVA REALIDADE
OUÇA O MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

NA FESTA DO ESPÍRITO HUMANO
EU CORETEJHO A MUSA DOS FESTIVAIS
AESSENCIA DE BELEZAS SENSUAIS
QUE MISTURAM O SAGRADO E O PROFANO
O POEMA SE TOR NA SOBERANO
NO INSONDÁVEL COLOCA O SEU ANEL
PRÁ VIAGEM DE NÚPCIAS NUM CORCEL
JÁ QUE A VIDA SERÁ FERTILIDADE
QUEM SONHA UMA NOVA REALIDADE
OUÇA O MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

QUANDO CRIARMOS JUNTOS OUTRA TRILHA
PENETRANDO AS CAATINGAS DA TERNURA
NOSSA TERRA SERÁ TODA FARTURA
EM ADJUNTOS CANTANDO A PARTILHA
POIS O TER NÃO SERÁ MAIS ARMADILHA
APRISIONANDO O SER QUE FICA AO LÉU
COLHEREMOS SAFRA DE LEITE E MEL
COMUNHÃO DE SABER E LIBERDADE
QUEM SONHA UMA NOVA REALIDADE
OUÇA O MEU CORAÇÃO DE MENESTREL

Pinto do Monteiro

por: Rubens Leite





"No tempo da mocidade / Eu também já fui vaqueiro / Não tinha jurema grossa, / Mororó nem marmeleiro. / Fui cabra da vista boa, / Negro do corpo maneiro".

"Viola é verdadeiramente o grande instrumento de cantoria. Violeiro é sinônimo de cantador." E, Pinto do Monteiro é, talvez, o expoente máximo de nossa cultura popular. Hábil em fazer repentes, seus versos embriagaram muitos contendores e arrancaram hurras e aplausos de espectadores enfeitiçados pela sua criatividade.
Severino Lourenço da Silva Pinto, filho de Francisco Lourenço do Nascimento (Chico Lourenço) e Úrsula Bezerra da Silva, nasceu na Fazenda Carnaubinha, Monteiro (PB), na época Alagoa do Monteiro. Veio ao mundo no segundo dia do mês de novembro de 1896.
Pinto completou seus noventa anos no Município de Monteiro, após ter vivido longos anos em Sertânia. Paralítico e cego, em suas reminiscências, conta as batalhas da sua vida. Do tempo em que fora vaqueiro na Fazenda Feijão à exposição de fotografia de Djair Freire no Clube Mandacaru e à V Semana Estudantil de Sertânia são muitas histórias que nos tem pra contar.. e sempre nos conta.
A história de Pinto não é só história de cantoria, mas também história de vaqueiro que usava gibão de couro e não hesitava em desbravar a caatinga ressequida e espinhante do sertão. É história de quem assentou praça na Polícia do Estado. É história de sertanejo que vendeu cuscuz no Recufe na década de 30... que cantou na calçada do mercado de São José e foi auxiliar de enfermagem em hospital de "doidos" - Hospital da Tamarineira. É história de quem também já cantou p´ra gente importante tal como o marechal Eurico Gaspar Dutra, então presidente da República, e Ademar de Barros, governador de São Paulo,

Que homenagem maior se poderá fazer a este poeta que com suas sextilhas de improviso soube alegrar o coração do povo? Fazê-lo imortal será, quiçá, a maior recompensa? Não!, Pinto já é imortal. Conhecido no Brasil inteiro, participou de vários filmes e recebeu inúmeras homenagens. Na V Semana Estudantil de Sertânia, Ésio Rafael sentindo a realidade em que vive Pinto do Monteiro desabafou: "Todo o Brasil conhece Pinto! Basta de tanta homenagem a Pinto. Pinto está necessitando de uma assistência médica pra ter uma morte tranqüila... porque ele está com noventa anos de idade e não segura mais a barra". Ésio não compreende como as autoridades de Sertânia e Monteiro não tomam iniciativas concretas para assistir o grande poeta.
Waldemar Cordeiro, poeta sertaniense, na oportunidade, referindo-se a Pinto disse: "... o gênio se perpetua através do tempo e do espaço, e Deus não pode absolutamente extinguir o gênio..., aquele que se vincula a divindade não pode morrer. Morrre os mortos, a morte é que é morta. Pinto jamais!" E pela passagem do nonagéssimo aniversário é bom lembrar estes versos de Pinto: "Acho graça a mocidade / Não querer envelhecer. / Velho ninguém quer ficar, / Moço ninguém quer morrer, / Sem ser velho não se vive, / Bom é ser velho e viver.

(Publicado no Diário de Pernambuco, na Coluna Cartas à Redação, de 5 de dezembro de 1986)
Rubens Leite

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Desmascarando a farsa da semana “prefeituril”...

Tarciso Júnior


Mais um ano se inicia em nossa cidade e no calendário do mês de Janeiro o que tradicionalmente seria um espaço de celebração da arte e da cultura estudantil de Sertânia torna-se gradativamente uma festa de promoção pessoal e de aparelhamento particular por grupos ligados ao governo municipal. Sertanienses, precisamos acordar para uma prática de politicagem que é muito comum em nossa cidade, mas que está acabando por cercear e empobrecer os poucos espaços abertos que temos para as nossas manifestações artísticas.

Saibam, senhoras e senhores, que gerações de estudantes, artistas e cidadãos anteriores à nossa criaram o que hoje chamamos de Semana estudantil de artes e cultura de forma autônoma, isto é, sem a interferência direta de autoridades político-partidárias. Sertanienses, muito feliz foi tal iniciativa, visto que, Janeiro sendo um mês de férias possibilitou que muitos estudantes e artistas filhos da terra, mas que estudam em outras cidades, não só participassem ativamente do evento, mas também que desenvolvessem um precioso intercâmbio cultural com seus conterrâneos. Pois é, com o passar do tempo o evento cresceu e os grupos estudantis e artísticos se enfraqueceram, tornando-se inevitável que o poder público de nossa cidade - atendendo aos anseios da população – se encaixasse como o maior patrocinador do evento e, assim, passasse a ser também seu maior organizador.

Sabemos, pois, cidadãos que a maioria de nós não fica perplexo diante do aparelhamento do evento, visto que, grupos artísticos de fachada e pseudo-organizações estudantis ligadas a funcionários da fraca secretaria de cultura e esportes usam o evento para promover a fracassada politicagem da perseguição contribuindo para que nossa Semana estudantil simplesmente exclua muitas manifestações artísticas em nome da politicagem partidária mesquinha que diminui nossa cidade e faz com que muitos de nossos artistas que desenvolvem importantes trabalhos dentro e fora de Sertânia sejam impedidos de participar.

Dessa forma, sertanienses, como estudante eu convido a todos os cidadãos e estudantes bem como todas as organizações artísticas e culturais sérias da nossa cidade a repensarem a nossa Semana estudantil. Não como um retorno às origens, mas como um real espaço de liberdade artística. Sabemos que em nossa cidade existe grupos artísticos supra-partidários e sérios que estão buscando alternativas a essa semana prefeituril que estamos presenciando. Ter partido não é defeito. Fazer política é uma prática saudável e útil. O errado é usar de politicagem para promover a perseguição. Não há político e nem cidadão que ganhe com práticas podres como as que presenciamos em nossa cidade.


“Posso não concordar com as palavras que tu dizes, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las” – Voltaire.

*Texto escrito por Tarciso Júnior - estudante do curso de História da UFPE e artista sertaniense.

*N.R.-ANO PASSADO NESTE BLOG, EU, QUE DURANTE MAIS DE DEZ ANOS FUI UM DOS ORGANIZADORES DO EVENTO, CRITIQUEI A PARTIDARIZAÇÃO DA SEMANA ESTUDANTIL , COM UM TEXTO E UM POEMA.SE AS PESSOAS QUE HOJE ORGANIZAM NÃO TEM ESSA VISÃO PARTIDARIZANTE, MAS A CÚPULA DA PREFEITURA TEM. FUI PROCURADO PARA PARTICIPAR DA PROGRAMAÇÃO E APESAR DE NÃO COBRAR CACHÊ NÃO FUI INCLUIDO, ASSIM COMO OUTROS ARTISTAS COMO JUNIOR E ATÉ A SAPECAS.HÁ ESPAÇO PARA RECITAIS DE POETAS FORA, CORDELISTAS DE FORA ARTISTAS DE FORA, MAS PARA OS DE CASA, SE VOTOU CONTRAS , NÃO!, NEM DE GRAÇA! TEM NADA, JUNIOR COM CERTEZA LÁ FORA A GENTE É RECONHECIDO E TEM ESPAÇO. VC QUE JÁ SE APRESENTOU ATÉ NO SARAU DA INDEPENDENCIA NO RECIFE.NÓS QUE RECEBEMOS O PREMIO VIVA A LEITURA EM SÃO PAULO.

AGORA DA PRÓXIMA VEZ QUE A GENTE GANHAR ALGUM PREMIO ESSE PESSOAL NÃO DEVERIA TER A CARA DE PAU DE PARABENIZAR E DEITAR FALAÇÃO.HIPOCRISIA É UM PECADO CAPITAL!

REMMEMBER- RECORDAR É VIVER

quarta-feira, 4 de março de 2009
SEMANA ESTUDANTIL VIRA EVENTO PARTIDÁRIO

A Semana Estudantil de Artes aconteceu em janeiro mais ainda é flagrante a repercussão negativa do que rolou. Um evento que possuia um forte componente de resistência cultural e independência em relação aos políticos e seus grupos locais, foi usado por uma minoria, de forma distorcida, para promover a oligarquia dominante no município e para promover a exclusão e a divisão dos artistas e fazedores de cultura da cidade.

Artistas que sempre foram convidados desde os anos 80 e pessoas que tem história na organização da semana estudantil, escandalosamente proibidas de se apresentarem ou de participarem da elaboração da programação.Ano passado, a ACORDES, associação cultural de Sertãnia teve seu nome como organizadora da festa dos estudantes. Esse ano, oficialmente não foi sequer chamada prá participar, usando -se assim o nome da associação dos artesãos. Até a SAPECAS, sociedade dos poetas , escritores, compositores e artistas de Sertânia, entidade com vasta atuação cultural e literária, com vários projetos desenvolvidos na cidade, não foi sequer chamada para se apresentar. Outros artistas também não tiveram espaço. Tudo isso simplismente porque, exercendo seu sagrado direito de escolher,não votam no partido do poder municipal. Que vergonha! A QUE PONTO Sertânia chegou?! GENTE QUE SE DIZ "ARTISTA" E "ATIVISTA CULTURAL" , com um cabeça tão pequena e uma prática tão mesquinha, prepotente e arrogante. ONDE É QUE NÓS ESTAMOS? QUE CULTURA É ESTA? É A FILOSOFIA CORONELISMO, ENXADA E VOTO?

O resultado é o mesmo, desde o ano passado, quando a "comissão"(?)
tomou esse caminho(na ocasião até propaganda de candidato a vereador tinha no folden e discurso de politicos governistas tranformando o palco em palanque) e passavam a idéia de que o evento passaria a ter apoio...receberia verbas enormes e teve até um patrocínio da FUNDARPE. Mas, era ano eleitoral, seu dotô...
Como nem todo ano tem eleição, em 2009 nem governo do estado, nem CHESF...A prefeitura deu uma merreca de dez mil reais( prá um evento do porte da semana, de 7 dias, é uma migalha...) e se virem...
o resultado foi pior que no ano anterior...nem concurso de poesia,acabaram a exposição de artes, não tem mais declamadores na noite de cultura popular, o evento está se descaracterizando, chegando ao ponto de colocar algumas atrações musicais lastimáveis, que nada tem a ver com a semana estudantil e deixando de fora artistas como Antônio Amaral( a quem CÁTIA DE FRANÇA CHAMOU DE VILA-LOBOS DO SERTÃO),Daniel Medeiros, Rona Lopes,Acácio,entre outros...
As homenagens são um capítulo a parte nessa história.Respeitamos algumas das escolhas, mas outras nada tinham de identidade com semana estudantil. Parte deles foi só para a vergonhosa bajulação política, desrespeitando os que fizeram a semana estudantil no passado e
esquecendo personalidades da cultural local como o poeta e crítico literário Luiz Carlos Monteiro ( QUE RECENTEMENTE COMPLETOU 50 ANOS E É UM DOS MAIS RESPEITADOs NO ESTADO), o artista plástico, poeta e dramaturgo premiadíssimo Marcos Cordeiro e o recentemente falecido POETA GEORGE GONDIM ( um dos vencedores do último concurso de poesia da semana estudantil , ainda em 2007).
Soube que na homenagem póstuma a ANDERSON DA UJS, a "cúpula"( 3 0u 4 pessoas) criou todo tipo de dificuldade e tentou vetar a divulgação do poema que fiz prá Anderson, o que só não se consumou graças a interferência corajosa de Mayron e os jovens da UJS, TENDO O REFERIDO POEMA SIDO LIDO NO MICROFONE PELO EX-PREFEITO IVAN , QUE TEVE ASSIM UM GESTO DE GRANDEZA.
Pelo visto não queriam respeitar nem a memória do rapaz, já que misturam as coisas...e nem no folden colocaram o nome dele , que era o homenageado da semana 2009...
Comecei a participar da semana estudantil , na organização em
1987, com Lucas, Orestes, Aurino,Pires, Ari, Duval, Carlinhos,Janilton,
Tonho Amaral,Adelmo, Beleca,Riso Moura,Adilson, lagoa, Isidoro, Aldeci, Vanusa, Renato Ceará, Roque, Leonides, Hélder, Natercio, Alvaro,Paulo, Beta Góis, Sandrinha e muitos outros...naquela época e até bem pouco, chamava-se as pessoas prá participar da organização, de sala em sala nas escolas, prá irem as reuniões, onde todos tinham direto a voz e voto e o espaço na programação era aberto prá todos. Não se misturava as coisas nem havia promoção pessoal nem de politico nenhum.ISSO ERA CONSIDERADO SAGRADO E TINHAMOS ORGULHO DISSO.
A dita cúpula vai pagar um preço caro: entra prá história como as pessoas que venderam a semana estudantil para os poderosos do dia, permitindo que se manchasse a história de todas estas tradições libertárias e se estabelece a censura e o partidarismo. Esse é sentimento que colhi de diversos ex-integrantes que assistiram ao evento este ano, alguns deles residentes no sul do país e que pediram que quando escrevesse esse artigo fizesse um apelo ás pessoas que estiveram presentes:"digam que presenciarm uma festa, mas não digam por ai que assitiram a um semana estudantil..."


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Isso vem provocando reações na opinião do povo e poeta popular já anda escrevendo coisas a respeito, como vemos abaixo:


Semana prefeituril

Uma semana estudantil
Sem Antônio Amaral
Vila-lobos genial
Do sertão veredas mil
Sem cantoria Brasil
da viola que é de Rona
a música vai a lona
já sem concurso poético
desse arraial imagético
cultura não é mais dona

Não tem mais exposição
de artesanato e pintura,
nem de poesia e escultura
Está vazio o salão
Não se tem Declamação
De Zenílton, Gilson Gênio,
Acabou-se o oxigênio
Da poesia popular
Na semana a recitar
Desde o outro milênio

Para Daniel Medeiros
Por que lá não há espaço
A arte fica aos pedaços
sem o nosso forrozeiro
e Charuto o seresteiro
que não se pode esquecer
o que ainda vão dizer?
É pura hipocrisia
Só o partido da poesia
Era o que devia haver

Virou palanque político
homenageando prefeitos
como se fossem perfeitos
retirando o senso crítico
conteúdo paralítico
pode ter merecimento
mas falta questionamento
que é principal atitude
exemplo pra juventude
base do conhecimento

Faltou nesse mês de janeiro
Homenagens culturais
A artistas e outros mais
tal Luiz Carlos Monteiro
Também a Marcos Cordeiro
A quem já fez a semana
A memória não se engana:
Lucas , Adílson , Ari
Não dá pra citar aqui
Pois a lista é sobrehumana



Que saudades da Semana
Quando era independente
Tudo era diferente
A saudade nos reclama
Era grande a sua fama
De a todos abrir espaço
E acolher no seu abraço
Gente de todas as cores
uma aquarela de flores
Para pintar nos seus braços

Todo mundo era chamado
Prá ela organizar
Nas reuniões opinar
Sem ninguém discriminado
Hoje tá tudo mudado
Só pela politicagem
Acabando com a imagem
Do que ela foi um dia
O tudo que possuia
Triturou-se na moagem

Prometeram muitos fundos
De dinheiro do estado
Tomaram todo legado
Excluíram todo mundo
Neste engano profundo
De verbas não veio nada
Uma migalha danada
Somente como esmola
Em uma vazia sacola
Tudo conversa fiada

Ganhou agora apelido
Que vejo o povo falar
É algo de se assustar
Quando ele é ouvido
Curral de um só partido
a semana estudantil
semana prefeituril
que Por fazerem tão mal
virou o maior festival
De babação do Brasil
Postado por Josessandro Andrade às 18:24
Reações:

2 comentários:
Acácio Souza disse...
Parabens poeta estou com vc nessa!!!

5 de março de 2009 05:54
O EDITOR. disse...
Companheiro José Sandro, todos sabemos que sua revolta e indignação tem muito fundamento e estamos solidários a sua pessoa e sentimentos. Mas ficamos tranqüilos em saber que ainda que demore um pouco, teremos pessoas como você, competente e responsável para organizar e administra eventos como esse, sem ter que se rebaixar perante a população para satisfazer o ego de pequenas pessoas para elevar uma moral e um (destaque) que esta prestes a vir por terra.

Grandes homens são reconhecidos por seus nobres atos!
Um grande abraço do amigo e companheiro NEY.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ZITO JR. PREMIADO NO FESTCINE DIGITAL DO SEMI-ÁRIDO






ZITO JR. BRILHOU EM UM EVENTO, O FESTCINE DIGITAL DO SEMI-ÁRIDO QUE ACONTECEU NO ÚLTIMO DIA 28, ONDE O SEU CURTA-METRAGEM "CAPA DE CHUVA" FICOU NA 2ª COLOCAÇÃO, ATRÁS DO CURTA CEARENSE DE ANIMAÇÃO "VIDA DE MARIA". O TEMA ERA O SEMI-ÁRIDO E CONCORRERAM 9 CURTAS (APÓS SEREM SELECIONADOS ENTRE OS 68 DA 1ª ETAPA). A VOTAÇÃO FOI FEITA PELO PÚBLICO, APÓS AS SESSÕES, EM CINCO CIDADES DO NORDESTE. PARTICIPARAM DESTE FESTIVAL OS ESTADOS DE PERNAMBUCO, PARAÍBA, RIO GRANDE DO NORTE, BAHIA E CEARÁ.

ZITO JR. É MAIS UM SERTANIENSE BRILHANDO NO CAMPO DAS ARTES, GANHANDO PRÊMIOS E MOSTRANDO QUE SERTÃNIA É UMA CIDADE DE POETAS , DE ARTISTAS E ESCRITORES , CONSITUINDO -SE ASSIM NO CÉREBRO DO MOXOTÓ. INDA MAIS ZITO JR. FILHO DE UM CANTADOR DE VIOLA E UMA BORDADEIRA, SENDO HOJE POETA,TEATRÓLOGO, ARTISTA PLÁSTICO, CINEASTA,
CENÓGRAFO E AGITADOR CULTURAL EM SUMÉ-PB , ONDE TRABALHA COMO PROFESSOR, DIRIGE GRUPO DE TEATRO,MAMULENGO, GRUPO DE DANÇAS , EDITA O JORNAL DE POESIA CABEÇA DE RATO E TEM UM TEATRO COM O SEU NOME, HONRARIA CONCEDIDA PELA POPULAÇÃO DA QUELA CIDADE PARAIBANA.ELE JÁ FOI PREMIADO PELO MINISTE´RIO DA CULTURA, CATEGORIA MELHOR TEXTO TEATREAL INÉDITO EM 2005, COM " A MOSCA, O DIABO E O PADEIRO" E EM 2006 COM O NOVOS AUTORES PARAIBANOS. ZITO JR. É ORGULHO DE TODOS NÓS.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Luiz Wilson lança cordel “AS PROEZAS DE ADELÁDIO” no sertão pernambucano

A todo vapor, Luiz Wilson já inicia o ano com um grande lançamento literário. No último dia 3, o poeta lançou o cordel “As Proezas de Adeládio” realizado no Sítio Recanto Verde, local onde ele nasceu, situado em Sertânia, Pernambuco.
O evento contou com a presença do personagem central, AdeládIo, além dos poetas Josessandro Andrade (vencedor do premio VivaLeitura 2009) , o compositor e poeta Duval Brito, a comunicadora Rosa Maria da rádio Sertânia FM, a personalidade política Nelson Rufino, além da comunidade local.
Na ocasião, Wilson recitou o poema que fala sobre a vida de Adeládio, personagem verídico da narrativa, primo do poeta, que com ele conviveu sua juventude em Sertânia.No cordel, publicado pela editora Luzeiro, Wilson destaca a esperteza sem maldade do matuto, suas artimanhas e causos diversos.“As cidades interioranas do nosso nordeste estão cheias de Adeládios. Essa história nada mais é que o resgate do real cotidiano do homem nordestino, com suas dificuldades e humor autêntico”. Finaliza Luiz Wilson.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

DR. REGINALDO É PREMIADO EM CONCURSO DE MÚSICA CARNAVALESCA

Dr.Reginaldo Siqueira, médico oftomologista, compositor e músico sertaninese mais uma vez foi premiado no concurso de música carnavalesca de Pernambuco. Ele é um orgulho prá Sertânia, elevando
o nome de Nossa terra e do nosso frevo lá fora, assim como já o fizeram Francisquinho, Jairo, Hugo, Walmar, Wilson Freire e tantos outros, ganhando prêmios e sendo gravados por grandes orquestras.

PCR DIVULGA VENCEDORES DO CONCURSO DE MÚSICA CARNAVALESCA 2009

Os vencedores do Concurso de Música Carnavalesca 2009/2010 foram escolhidos no último sábado (26) e domingo (27), durante apresentação no Teatro do Parque. Foram 30 composições que concorreram a 15 vagas para fazer parte do CD de divulgação, que será lançado em fevereiro 2010, quando também acontecerá a cerimônia de premiação dos vencedores. O concurso realizado pela Gerência de Música da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR/PCR) terá o resultado divulgado no Diário Oficial do município nesta terça-feira (29). Além do lugar garantido nas faixas do CD de divulgação, o concurso prevê ainda a concessão de prêmios especiais. O 1° lugar (música de maior pontuação por gênero) receberá R$10 mil; o 2°, R$ 5 mil e o terceiro R$ 3 mil. Os prêmios de Melhor Arranjo e Melhor Intérprete, correspondentes ao 4° e 5° lugares receberão o valor de R$ 3 mil cada.

Confira abaixo, a lista dos vencedores:

Concurso de Música Carnavalesca Pernambucana 2009/2010 Resultado Oficial das 15 músicas vencedoras.

Categoria: Frevo-de-bloco
1º Lugar: Um bloco chamado saudade - Getúlio de Souza Cavalcanti
2º Lugar: A lua na clave de Sol - Paulo Fernando de Barros e Silva
3º Lugar: Infância e carnavais - Luiz Gonzaga de Castro e Souza Filho
Categoria: Frevo-canção
1º Lugar: - É tradição - Paulo Manoel do Nascimento
2º Lugar: - Bebaço! Devasso! - Severino Luiz de Araújo
3º Lugar: - Frevo no ar - Reginaldo de Siqueira Gomes

Categoria: Caboclinho
1º Lugar: Serra de Alianô - Adalberto Cavalcanti e Publius Lentulus Santos Figueredo
2º Lugar: Trajetória - Roberto Alves de Santana
3º Lugar: Filho do trovão - Rosivânia Gomes da Silva

Categoria: Maracatu
1º Lugar: Cambinda negra guerreira - Bruno Carneiro Leão Pimentel
2º Lugar: Guardião dos Palmares - Rosana Guerreiro Carneiro Leão
3º Lugar: Baque de fé e de festa - Luciano Pimentel Brayner

Categoria: Frevo-de-rua
1º Lugar: No passo do frevo - João Roberto Alves de Santana
2º Lugar: Um passista em Buenos Aires - Maurício Correia Cézar Neto
3º Lugar: Choque Anafilático - Luiz Guimarães Gomes de Sá Melhor

intérprete: Bruno Carneiro Leão Pimentel
Melhor arranjo: Marcos Ferreira Mendes

CRÍTICA LITERÁRIA RECONHECE O TALENTO DA POESIA DE LUIZ CARLOS MONTEIRO

Intelectuais pernambucanos e paraibanos elogiam a poesia de Luiz Carlos Monteiro, mostrando toda a força do seu nome nas letras do Nordeste.Ele vem a se juntar a Marcos Cordeiro, Wilson Freire, Walmar e Jairo Araujo na tarefa de representar Sertânia , enquanto cidade de poetas, ocupando o espaço de prestígio e reconhecimento que fora de nossos Mestres Ulysses Lins, Alcides Lopes, Waldemar Cordeiro, Corsino de Brito , entre outros.Destes poetas e estudiosos abaixo , apenas César Leal ainda não esteve em Sertânia.

OPINIÕES SOBRE A ESCRITA DE LUIZ CARLOS MONTEIRO


Poesia é recusa e resistência à diluição social. Por isso, cabe acolher a voz do poeta Luiz Carlos Monteiro. Nele a poesia é, ao mesmo tempo, afirmação e busca de si, e insurreição do homem confrontando-se tanto com seus limites pessoais, quanto com os de sua sociedade e de seu tempo. Ela pode dar, mesmo a um momento com ressaibos amargos de desencanto, um contraponto de esperança.
Lourival Holanda


Luiz Carlos Monteiro é um poeta competente. Ele sabe captar a imagem presente no espírito, plasmando-a em criações que dão forma e solidez à ideia de ser o Recife uma cidade onde a poesia se edifica a cada minuto do tempo empírico, o tempo heraclitiano, misteriosa correnteza em seu constante fluir. (...) Ele não desconhece que a poesia contemporânea é, antes de tudo, um ato expressivo.
César Leal


Luiz Carlos Monteiro é poeta da cidade, o que quer dizer, das coisas urbanas. Esta é a primeira surpresa anti-biográfica com que se depara o seu leitor. Nascido no Sertão (...), é na “cidade grande” que sua voz ecoa melhor, porque, parece, plenamente afinada com os aspectos por assim dizer mais aflitivos e noturnos da cidade. A sua sombra, quase em contraponto com o corte do verso iluminador. Pois estamos diante de uma poesia clara, cúmplice, discretamente hermética, mas só numa ou noutra passagem, que pede um leitor pensante no mesmo caminho.
Mário Hélio


É rara a sutileza estética, se verificarmos (...), como a mesma cidade que se profaniza é a mesma que se sacraliza pela força dos antagonismos internos da linguagem poética. E tal só me perece possível devido à ironia enquanto elemento retórico fundante, a presidir o lirismo de Luiz Carlos Monteiro. Lirismo cáustico, crítico, lancinante... Atento às faturas marginais da realidade. (...) Ler Luiz Carlos Monteiro é também reler outros instantes da poesia ocidental, uma vez que seus textos, textos de um poeta lido e culto, parecem se querer intertextos, tensos e latentes, dessa poesia que se constrói e se fragmenta no movimento mesmo de seu particular modo de ser. É também conviver com este alerta, alerta irônico e corrosivo, de um poeta que questiona o mundo e que questiona a si mesmo.
Hildeberto Barbosa Filho


Uma outra qualidade que salta aos olhos no trabalho de Monteiro encontra-se na linguagem clara, concisa e serena, sem qualquer sinal da empáfia e do pedantismo muito comuns na crítica universitária. A voz do autor não se resume a um sussurro tímido e abafadiço por trás das inúmeras citações de teóricos – quase sempre do estrangeiro, diga-se de passagem –, como frequentemente ocorre nas dissertações e teses que abarrotam as empoeiradas estantes das nossas bibliotecas. (...) Trata-se aqui, vale a pena lembrar, da voz de um autor que há anos atua em duas frentes – o fazer poético e a crítica literária. É sua experiência no ofício da crítica que lhe proporciona certa imparcialidade de visão, que lhe permite, por sua vez, aliar o comedimento nos elogios à capacidade de apontar “alguns momentos de descenso na qualidade poética” da obra analisada.
Carlos Newton Júnior

POETA SERTANIENSE LUIZ CARLOS MONTEIRO É O ENTREVISTADO DO SITE INTERPOETICA

Veja na íntegra a entrevista do poeta, crítico literário e mestre em literatura, o sertaniense Luiz Carlos Monteiro, concedida ao site interpoetica, dos meus amigos Cida Pedrosa e Sennor Ramos (RECIFE-PE).


Luiz Carlos Monteiro: inquietações existenciais que superam a mera “cor local”

Por Cristiano Aguiar

Fazer esta entrevista, que o leitor do Interpoética lerá abaixo, significou conhecer Luiz Carlos Monteiro duas vezes. Embora eu já acompanhasse seus textos críticos na revista Continente, dentre outras publicações para as quais escreve ou escreveu, nunca antes tinha encontrado este homem de fala suave, natural da cidade de Sertânia, no sertão de Pernambuco. Quieto, Luiz pouco diz de si, deixando o espaço aberto à sua palavra criadora. Talvez seja por causa disto que, só ao entrevistá-lo, fiz minha segunda descoberta: o crítico literário também era um bom poeta, revelando que crítica literária e poesia são faces diferentes do mesmo “comichão” da literatura, da mesma vontade de desafiar o mundo com versos e perguntas.Luiz Carlos Monteiro conversou com o Interpoética sobre tradição e valores literários, crítica universitária versus crítica acadêmica, a poesia de Carlos Pena Filho, bem como sobre sua própria poesia, profundamente arraigada nas cartografias da cidade – que pode ser Recife, Olinda ou qualquer cidade do mundo, pois ela nos aponta em direção a inquietações existenciais que superam a mera “cor local”.

Cristiano Aguiar: Vamos começar pela sua atividade como crítico literário. Você tem experiência nas duas linhas de frente: a crítica nos jornais e revistas e a crítica realizada a partir de pesquisas universitárias. Muitos afirmam que estas duas instâncias são inconciliáveis. Como é seu trânsito entre elas?
LCM: São duas instâncias que guardam peculiaridades e especificidades próprias, embora, num ou noutro caso, possam entrecruzar-se. Os espaços se tornam cada vez mais apertados nos jornais e revistas comerciais, por isto muitos críticos e ensaístas estão preferindo trabalhar textos mais longos, que somente caberiam em livro. É aí que entra a crítica universitária, que resulta da pesquisa paciente e persistente e destina-se, inicialmente, ao público da academia, i. e., a professores, estudantes e ouvintes que participam dos debates ali travados. Contudo, ensaios externos ao que se produz nas universidades devem trazer o possível ajuste metodológico, mesmo que tratem de temáticas subjetivas, abstratas, confessionais, metafísicas. Há professores que conseguem transitar bem nas duas modalidades: Carlos Newton Júnior, César Leal, Luiz Costa Lima, Silviano Santiago, Hildeberto Barbosa Filho, entre muitos outros. No meu caso, venho tentando atender aos desafios que me propõem, sejam acadêmicos ou jornalísticos, mas não sei como medir ainda a eficácia ou não deste desempenho. Isto se vincula bastante à relação com editores, a convites e propostas editoriais que traduzam afinação entre as partes.

Na sua crítica, é importante dizer se uma obra é "boa" ou "ruim"? Quais são os seus parâmetros enquanto crítico?
Esta dualidade, típica e originária do impressionismo para a análise de obras, não deixa margem para o intermediário, onde se arrancha o mediano. Creio que a maioria das obras hoje se sustenta nesta categoria intermediária, de vez que há muito desapareceu a figura do gênio, e daí a ideia de genialidade. Avalio cada livro pensando na surpresa e no espanto que pode me causar. Feito uma espécie de impacto vital que me instigue e incite a fazer coisas, que me leve a uma reconciliação com o humano através de uma obra singular e a deserdar, mesmo que por tempo breve, a normalidade cotidiana. Sobre aqueles trabalhos situados fora de exigências estéticas mínimas e aceitáveis (rigor formal, predominância do poético ou do ficcional sobre uma suposta ou visível “mensagem”, equilíbrio narrativo sem excessos descritivísticos, presença da inventividade em poesia), prefiro não escrever.

Sua dissertação de mestrado fala da obra de Carlos Pena Filho. Como você o situa na literatura brasileira?
A dissertação tenta responder, de modo conciso, a esta questão. Carlos Pena Filho é herdeiro de 45, embora repudiasse essa geração através de entrevistas ou textos. Pode-se situá-lo na temporalidade dos anos de 1950, que é quando começa a publicar com mais intensidade. Foi um sonetista exímio, e manuseava outras formas como poucos do seu tempo. Seu nome é bastante conhecido no país, presente em antologias e histórias literárias, mas sua leitura é feita de passagem, até pela falta de edições significantes de sua obra.

Eu gostaria de fazer a você uma provocação: acho que Carlos Pena foi um poeta em formação, cujo amadurecimento foi interrompido pela sua morte. Você concorda ou discorda?
Penso que Carlos Pena Filho teve um processo rápido de amadurecimento. Aos 18 anos já assinava sonetos impecáveis. Reconhecia-se como um “artesão caprichoso”, o que invalida o aleatório em sua obra. Trazia aquela transpiração que a secura de quem não tem o que expressar rejeita. No seu breve tempo de vida construiu poemas de beleza e sentido únicos e inesquiváveis, que outros passam a vida intentando e não chegam jamais a concretizar.

Sei que é uma pergunta que vai demandar um fôlego maior, mas gostaria de perguntar para você qual a sua leitura das gerações de poetas que surgiram nas últimas décadas, aqui em Pernambuco. Quero destacar três momentos: a famosa e inesgotável Geração 65; o movimento dos poetas independentes, nos anos 70-80; a geração de jovens poetas surgidos a partir dos anos 90 e ao redor da antologia Invenção Recife (publicada nos 00), da qual fazem parte Delmo Montenegro, Fábio Andrade, Jacineide Travassos, Pietro Wagner, Micheliny Verunsk, entre outros.
Deste grupo de poetas surgidos a partir dos anos 90, conheço melhor a poesia de Micheliny Verunsk, pois fiz uma leitura mais apurada de trabalhos seus, e a considero uma poetisa que ainda pode voar bem alto. Li pouca coisa dos outros, mas aprecio a poesia espácio-visual e o experimentalismo que não força a mão. Delmo Montenegro, que escreveu estes versos, não pode esquivar-se à condição de poeta: “o mantra/ verde do meu ego/ e vermelho das minhas verdades/ ainda ninguém achou/ que faremos nós/ pistas deixadas/ em obras inacabadas/ de nenhum autor”. Neste trecho de poema há posicionamentos estéticos e existenciais de apelo corajoso e incidente sobre o fazer poético, sobre a repetição e a imitação, sobre o impasse do poeta ante tudo o que já se escreveu antes dele. No movimento independente, do qual fiz parte durante algum tempo, assumi o risco de certas vivências e ações perigosas e enviesadas, descambando às vezes para a gratuidade e a violência em nome de uma marginalidade radical, utópica e jamais alcançada. Ficaram nomes que atuam ainda hoje, com proposta subdividida e algo diferenciada, pois tanto publicam por editoras quanto em edições alternativas. Preservam, no entanto, a prática dos recitais: Cida Pedrosa, Valmir Jordão, Lara e Jorge Lopes, são exemplos disto. A geração 65 já tem alguns nomes reconhecidos entre os que se foram: Alberto da Cunha Melo e Arnaldo Tobias na poesia e Maximiano Campos na prosa. Entre os vivos, é impossível ficar indiferente à poesia de Jaci Bezerra, Almir Castro Barros, Lucila Nogueira, José Carlos Targino e Tereza Tenório, poetas de propostas bastante díspares, mas de uma forte persistência, o que significa que jamais torceram o nariz para o trabalho poético. Com relação à prosa, Raimundo Carrero e Fernando Monteiro são escritores inquietos, de bom alcance de público, e que ainda têm muito a contribuir para a literatura. Pernambuco ressente-se de mulheres ficcionistas, embora isto não signifique que não existam, apenas precisam de uma interferência e visibilidade maior no campo literário.

Nos últimos anos, uma série de feiras e festas literárias, como a Flip, A Letra e a Voz - Festival Recifense de Literatura, e a Fliporto, vêm dinamizando a vida literária brasileira. Qual a sua leitura deste fenômeno?
Debates, encontros, congressos sempre existiram. Hoje, no entanto, conta-se com um aparato forte da tecnologia da informação e com o apoio mais intenso dos setores público e privado. Até a década de 1980 a grande batalha era a publicação de um livro. A facilidade agora é imensa, inclusive pela concorrência no mercado gráfico-editorial, que tende a baratear os custos. E mais ainda, pelas formas de divulgação e publicação permitidas pela Internet. Em feiras e festas literárias ouve-se a voz de escritores mais de perto, contatos importantes podem ser veiculados, mitos são postos por terra, anônimos podem alcançar alguma visibilidade. A reciclagem de autores é coisa que não pode deixar de ser feita, pois o convite constante aos mesmos nomes cansa, entedia e desvaloriza os eventos.

Da mesma forma, nos últimos três anos ou quatro anos, em Pernambuco, uma série de jovens escritores procura se articular em torno de antologias, revistas e eventos literários: foi o caso, por exemplo, da Crispim, da Vacatussa e do Nós Pós e, agora, do coletivo Urros Masculinos, que vai organizar a Freeporto. Você consegue ver consistência nestas iniciativas? Os jovens escritores estão revelando conteúdo, além de articulação?
A geração 70 nasceu em bases contestatórias e hoje se encontra institucionalizada. A poesia “marginal” de Chacal é distribuída em todo o Brasil através de programas editoriais oficiais que envolvem as escolas públicas. Quando participei do movimento independente assumi posições ideológicas e editoriais radicais, mas tentando manter o diálogo com outros grupos – a Geração 65, os Poetas da Rua do Imperador, a vanguarda local neotropicalista. A articulação dos “novos” é sempre bem-vinda, pois elastece e dinamiza a ambiência literária. A consistência das iniciativas vai depender do “poder de fogo” de quem está à frente de tais movimentos. Chega uma época em que muita gente volta-se para as circunstâncias da vida pessoal, para o estudo mais sistemático, para o trabalho intelectual cotidiano e orgânico. Grupos fragmentam-se, outros se formam, o “novo e iconoclasta” de hoje passa a ser o “oficial e conformista” de amanhã. A questão do conteúdo do que escrevem os que estão chegando agora só pode ser avaliada com a passagem do tempo. Muito do que um autor escreve ou recita no calor do instante pode ser renegado por ele mesmo num futuro próximo. Quando um aspirante a poeta ou ficcionista descobre, depois do entusiasmo inicial, que sua poesia ou sua prosa não se ombreia a um Drummond, a um João Cabral, a um Murilo Mendes, a um Machado de Assis, a um Guimarães Rosa, a um Graciliano Ramos, para citar apenas alguns brasileiros, cai em si e perde toda a arrogância.

Você começa seu livro com os seguintes versos: “Não te evoco,/e também/o louvar não te quero (...) não te rejeito ou refuto, não te renego ou expulso”. Uma característica importante da sua poesia é a da crônica da cidade. Existe um Recife e uma Olinda “verdadeiros”? O poeta é aquele que abraça o real com a maior de todas as generosidades?
Os versos deste livro, Poemas, publicado em 1999, foram pensados e escritos a partir da segunda metade da década de 1970. O Recife era uma cidade onde a boemia corria solta, da Boa Vista ao Bairro do Recife, dos bares de Santo Amaro à zona da Rio Branco. O Beco da Fome ficava próximo ao Diretório Central dos Estudantes da UFPE, e depois das reuniões políticas aproveitava-se para beber. O Beco era frequentado por estudantes, intelectuais, policiais disfarçados, meninas liberadas e dispostas a tudo na noite. Foi nesse ambiente de muita agitação e embate que conheci os poetas independentes, os escritores da geração 65 e outras pessoas de quem fiquei amigo. Vez por outra, arranjava também alguns inimigos. Mas o beautiful people estava mesmo em Olinda, no Cantinho da Sé, no Querubim Bar e no Bar Atlântico, este último conhecido popularmente como Maconhão. Um Recife e uma Olinda autênticos eram os desse clima pós-adolescente, depois de 1976, quando entrei na universidade. Não sem patrulhamento ideológico conviviam a política, que era o real, com a poesia, identificada com o sonho, mas um sonho ainda de transformação da sociedade. E o poeta apostava qualquer coisa nesta luta, ao tempo, radical, seguindo em frente apesar das críticas conservadoras da família, dos amigos de infância e, num viés de teor mais ideológico de esquerda, dos próprios companheiros de partido ou tendência política, que repudiavam o sonho vinculado ao ato da escrita literária. O poema citado aparece na contramão dos poemas “Evocação do Recife”, de Manuel Bandeira e “Provocação do Recife", de Xico Sá.

Ainda falando do poema enquanto crônica da cidade e dos modos de viver na cidade: como evitar que o poema se torne apenas uma variação do fotojornalismo?
O poema urbano tem uma sedução implacável, pela capacidade de visualização dos objetos que permite. Fiz um esforço imenso para escrever alguns poemas nesta direção, pois minha inclinação sempre foi lírica, neo-romântica, confessional. E isto, apesar de ter feito quase todo o curso de Engenharia de Minas, e de ter formado, de quebra, com outros estudantes de engenharia, um grupo de discussão de Lógica Formal e Dialética. Ali, sustentados na intimidade do Cálculo Integral, da Geometria Analítica, da Álgebra Linear, da Física e da Química, ninguém contemporizava nem abria mão de suas opiniões e preceitos, embora, depois dos embates, fosse mantida a cordialidade possível. É preciso que o urbano traga a elaboração de um sentido estético, de um encanto que torne, até certo ponto, a leitura do poema dionisíaca, hedonista, prazerosa, anárquica. E não apenas a simples enumeração objetal. Talvez tenha sido por isso que Mário de Andrade chamou o poeta modernista Luis Aranha de “poeta ginasiano”. Mas, uma solução radical para que alguém se afaste do que você chama de fotojornalismo seria uma volta ao mundo da metafísica e do hermetismo, ao poema filosófico e ao lirismo confessional e intimista.

Nos poemas “Poema parco e tardio a Carlos Pena Filho” e “Poemeto muito antigo à maneira de Manuel Bandeira”, temos um duplo movimento: à crônica da cidade se junta a crônica da leitura. Em ambos, há morte espiando nos avessos... “resto de sombra” ou “negra lama enfim...”, do segundo poema, são contrapontos ao “Tua voz semovente em teu peito/com impulsão a cidade avançando”, versos do primeiro poema, que se referem a Pena Filho. Sua poesia também cumpre uma função semelhante à sua crítica, de fecundar de vida a tradição, às vezes um tanto esquecida, como é o caso da poesia de Carlos Pena? Como suas leituras alimentam o Luiz Carlos Monteiro Poeta?
Tenho uma gama de poemas metacríticos, dedicados a poetas de minha preferência: Murilo Mendes, Rimbaud, Baudelaire, Poe, Artaud, Torquato Neto, Fernando Pessoa, entre outros. Carlos Pena Filho é especialíssimo, poeta de quem gostaria de ter sido amigo. Foi poeta em tempo integral, boêmio, charmosamente triste, culto, simpático,voluntarioso e irônico. Quanto a minhas leituras, leio de tudo, inclusive muita ficção. Por exigências do trabalho crítico-analítico, especifico hoje mais essas leituras, privilegiando a teoria e a crítica literária, não dispensando, no entanto, o suporte dos textos históricos e filosóficos. Um texto crítico, daqueles de vertente mais criativa, pode incitar o poeta a escrever, num determinado momento, seu poema. Mas quem estimula e aprimora mesmo a escrita da poesia é a leitura da própria poesia, a aparição e consequente seleção daqueles poetas que, por vezes temporariamente esquecidos, podem vir à tona a qualquer instante com bastante força e vigor.

Há muita plasticidade em seus poemas, como é o caso de “O canavial flutuante ou visada do Rio Formoso” ou “Grafito em Olinda”. As artes visuais, a pintura, principalmente e, mais especificamente, a pintura de matriz moderna, são referências quando você compõe versos?
A arquitetura, a pintura, a visão mágica e áspera da Natureza do litoral ou da caatinga, as belas e funcionais construções urbanas, nos colocam no centro de um mundo plástico e visual. Convivi com alguns pintores e pintoras, e sempre acreditei que a pintura, assim como os arranjos musicais (e aqui discordo de João Cabral), mantém uma grande aproximação com a poesia. Mas, a pintura não é a principal referência na minha poesia, e sim uma delas. Os sentimentos mais recônditos ou explícitos que carrego, a tentativa de compreensão do outro, o imaginário de um mundo futuro e ainda possível porque não aconteceu em bases justas e solidárias, são referenciais importantes na poesia que faço.

Poemas como “Dois poemas sobre um motivo de Vielimir Khlébnikov” e “Poema autografado num envelope contendo uma fotografia amarelada” surgem de um eu lírico que fala a partir de uma posição solitária, na qual os sentidos da vida parecem estar em dissolução; mas o Outro, aquele que caminha na cidade, também é solitário: seus personagens são os bêbados, os cegos pedintes, os arlequins, os poetas soltos nas ruas – aqueles que não se “enquadram”. Gostaria que você comentasse isto.
Os dois poemas citados refletem a experiência cotidiana da solidão do poeta em seu quarto, a escrever e a ler desbragadamente, a sublimar amores impossíveis com o esteio e o auxílio luxuoso da literatura e com a inclinação clandestina, à época, do pensamento político. A vertente visionária dos personagens marginais e marginalizados é de origem baudeleriana, poeta que li demais e intentei absorver alguns temas e personagens malditos seus. O desajuste social destes personagens reflete algo do desajuste do próprio poeta, que teima, ou teimava, em não alinhar-se a vivências e situações flagrantes em que estivessem envolvidos os numerosos braços de polvo do status quo. Também num sentido de denúncia, sem a esperança ilusória de um grande alcance, ao modo de Neruda, Whitman ou Castro Alves, mas contribuindo, dentro de limitações próprias e às vezes reconhecíveis, para a consecução e dinamização do processo social e literário.


WELLINGTON DE MELO é escritor, professor & crítico da vida.
CIDA PEDROSA é poeta, advogada e editora do INTERPOÉTICA.