sábado, 17 de julho de 2010

P O E M Á R I O

A Cidade que me toma
-Para você... , minha razão de ser-

Tu és uma cidade
Que percorro a pé
Em sussurros de madrugada

No palácio dos becos
Tu me possuis
E possessa
Toma-me mais
que por habitante
como coisa e propriedade vossa

És a própria festa em mim
Na tua praça de maio
Um céu que abre e fecha assim
Tão rápido no gozo em desmaio

Das veias de tuas ruas
Vejo lenços acenando nas janelas
Por damas de branco
E uma revoada de pombas
Cobre-me com a preversão
De um por-de sol impulsivo

Passeio por teus teatros e bares
E sinto –me mãos por debaixo das mesas
Apertando as minhas.
Quentes, muito quentes,
como teu ventre em rios,
aromas que bebo
na face da carne,
perguntas a eles
de quem esta sombra
que me acode
que me atiça
nos vãos da insônia.
Viro as pernas graves
Para o ar
Dos teus terrenos baldios
Pastando o capinzal
Do quintal líquido.

A ti Eu devoro,
Cidade desnuda,
te beijo , te mordo,
Decifro as esfinges
Que enfeitam tua alma.
Em tuas igrejas
Pago meus pecados
De joelhos
Recrio orações
Releio ladainhas
E absolve-0me das culpas
Na cumplicidade do confessionário

Tu és a cidade
Que investiga províncias
Em universos pequenos
De esquinas e camarins
De injustiças e conveniências,

Mas tudo mudas
e te tornas tão grande
quando tomas a mim
que fico sem saber
onde eu começo
e onde tu tens fim....


(De;Josessandro Andrade

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