domingo, 18 de janeiro de 2009

CULTURA ABANDONADA


(RETROSPECTIVA DA GESTÃO CULTURAL POSTA EM DEBATE)
Josessandro Andrade


Encerrou-se o ano de 2008 com ele mais um fim de governo, cabe-nos refletir de forma retrospectiva sobre o que se fez pela cultura durante os quatro anos da gestão que ora terminou.
Esperava-se mais muito mais do gestor do município, pelo meio de onde veio e por se dizer que era uma pessoa de sensibilidade cultural e muito mais ainda dos responsáveis pela cultura oficial sertaniense.
As nossas festas populares melhoraram um pouco, na medida que trouxeram algumas atrações de qualidade em relação ao governo anterior, tais como Geraldo Azevedo, Fim de feira, Flávio José,Jorge De Altinho, Alcimar Monteiro, mas pecam ainda por não ter uma identidade temática, que vá da programação, ornamentação e publicidade arrojada.
No mais, um projeto feliz foi o lançamento do cd da banda de pífanos da Mata. A Escola de Música também foi importante , mas veio por um projetyo da secretaria de ação social, no apagar das luzes, assim como a reforma da biblioteca. Mas ficou só nisso , infelizmente. O museu histórico foi fechado , e seu acervo se acabando nos depósitos municipais, sendo devorado pela traça e pelo descaso. A memória da cidade também foi jogada ao léu. Apesar de Marcos Cordeiro, desde o governo anterior, ter Entregue a um representante cultural da Prefeitura, cópia do projeto de lei de tombamento de patrimônio histórico de Olinda, que poderia ser adaptado para cá , nada foi feito e continuam derrubando as casas de arquitetura antiga em Sertânia, por falta de orientação, de trabalho educativo, de legislação específica e fiscalização séria por parte do órgão da prefeitura responsável pela cultura.
Em Sertânia, não se criou uma política cultural, mas sim uma “cultura política”. Não houve planejamento, nem um plano municipal de Cultura. Os artistas e as entidades culturais não Foram chamadas e nem ouvidas em nada.Nada de Gestão Democrática...só se contratou artista se ele fosse do cordão político do poder, partidarizaram-se os poucos eventos que restaram...que coisa pequena e mesquinha!
Não se criou um fundo municipal de cultura para que os artistas e grupos culturais pudessem ter seus projetos financiados, sem precisar mendigar de pires na mão e sem o apadrinhamento político.
As promessas de construir um teatro no dique da estação ferroviária, de criar um arquivo público municipal, entre tantas outras foram apenas promessas que nunca saíram do papel.
Nenhum programa inovador, nenhum, projeto consistente, nem o “feijão com arroz”, se teve competência prá servir a uma cidade de tradição cultural. Nenhum destaque veio à tona. Acabaram com o FETESE, festival de teatro estudantil ...o município se inscreveu numa seleção de projetos de Ponto de Cultura da FUNDARPE, inclusive para a região do Moxotó, concorrendo com cidades de menor expressão cultural, e não houve competência para aprovar nenhum...mas, a que ponto Sertânia chegou!...
Infelizmente a cada tempo que passa parece que as coisas só tem piorado... quem vem salvando a cultura de Sertânia são justamente os grupos e artistas independentes , divulgando o nome de nossa terra e realizando coisas brilhantes em favor da nossa arte e da nossa gente. A exemplo do Cabeça de Rato , da SAPECAS, do Festival literário do Sertão, do grupo de dança Elisabeth Freire, da ACORDES, AFASER e outros mais...
Fui assistir a reunião convocada pela nova secretaria, que reunirá cultura , turismo e esportes. O Secretário, novo indicado para gerir a cultura, Elilson Góis,Chega em boa hora, para dar uma organização, uma oxigenada e apontar um rumo. Este sim é uma pessoa educada, que demonstrou que sabe conversar e escutar as pessoas, além de estar aberto para ouvir sugestões e críticas diagnósticas. Desejo ao mesmo boa sorte para enfrentar estes desafios! Se ele conseguir desmanchar o clima de politicagem e partidarismo, que tomou conta do órgão e fizer um quarto do que se propõe, terá cumprido uma missão importante e terá sua gestão aplaudida.
o MURAL CULTURAL é um blog especializado em cultura e cabe a nós desenvolvermos a análise crítica dos atos e fatos relacionados a vida cultural de Sertânia.



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