sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DA BÉLGICA , NA EUROPA PRÁ SERTÃNIA

MAS , MENINO...NOSSO BLOG JÁ É INTERNACIONAL...ELE TÁ SE "ACHANDO"...
DE INEZ OLUDÉ DA SILVA , IRMÃ DE ZÉ MAGO, EX-GUERILHEIRA, POETA , ARTISTA PLASTICA, EDITORA DA REVISTA DO BRASIL NA EUROPA E COORDENADORA DA BIENAL BRASILEIRA DE ARTES EM BRUXELAS,GRANDE FIGURA HUMANA, MINHA AMIGA , RECEBI O QUE SEGUE:



Jossé Sandro
meu mano,poeta, estou super emocionada com as homenagens que você presta nao somente aos Belo, mas a todos de Sertania e afins. Parabens a estes projetos maravilhosos. Parabens a Zé Mago e Nininha pelo espaço d eliebrdade e cultura que se criou no seu bar.
Vou enviar estes poemas pra você colocar no blog e prometo me implicar e enviar de vez em quando um.
Estou chegando ai em janeiro, faremos uma grande noitada de poesia.
envie mails neste endereço aqui:
inezitaulude@yahoo.com.br
Abraços saudosos.



VILA ACESA à minha Mae,Julieta Januaria, vulgo Corisco( Bruxelas,4 de novembro de 1998)

Quando eu morrer
Me enterrem no cemitério de Olinda
Onde minha mae desapareceu
Sem direito a tumba
Sem choro sem vela
Só a fita amarela
Que sorriu pra mim
Azul e branco
Verde esperança
De um Brasil maior
Enfeitado de chita
Nao de linho branco
Sabe quem perdeu ?
Os filhos, as filhas
Que. emudeceram
Diante daqueles
Do Brasil menor
Pedi minha mae, você meu senhor
Me diga porque nao se ofereceu
Pra regar a tumba onde nao cresceu
Outra flor curumim ?
com espinho,sem cheiro
Pro meu desatino,pro meu desespero
Do frio destino de ser brasileira
Em terra estrangeira sem poder contar
Viver sem seu tino,sua raça,seu peito
Nos nao temos o direito
De fazer gurufim ?E no dia dos mortos
Onde vamos chorar,rezar,sofrer,maldizer ?
E os cantos pra ela,onde vou cantar ?
Na rua, na praça,vou fazer de pirraça
a vida inteira vou dançar pra ela
Vocês do regaço me tragam pra mim
Aquela esperança cheirando a jasmim
Que. plantei na janela da Casa Amarela
Que. inventei pra ela na Vila de Areias
Vou dar-lhe,pra ela,e somente pra ela !
A semente, a raiz,os fruto,as folhas
Do meu verso manco,a minha vida torta
E o passarim na gaiola com a voz mais bela
Cantando o lacinante suspiro
Que. sou a primeira
A morrer curumim
Triste é o seu fim
Morrer indigente
A morte impigente
E a perda enfim
Mae, tu és meu começo
E eu sou o teu fim
Te prometo nao esqueço
A estela na lua
E o sol no jardim
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Imagine

através das artes se expressa
o conteúdo da vida
imagine sem a rima
o que seria a canção
imagine sem a viola
que seria do Cão
sem os lápis os pincéis
como pintar coração?
si a vida não bastasse
o que bastaria então?
o peito de um moreno
para encostar a cabeça
o rosto de um curumim
brincando com com onça em jardins
a felicidade agora
é saber porque eu vim
jogar meu peito no mundo
botar meus beiços de fora
e sorrindo cantar de viola
violeira xangozeira
espiritada e ligeira
sou em que cheguei primeiro
vou cantar alegre ao vento
fugirei de assombração
não contarei os sofrimentos
dos índios desta nação
não falarei dos brancos
que queimavam as costas dos negros
com ferro chicote e ferrão
era o unico trabalho que se davam
o resto faziam eles
não esqueceria dos deuses
encendiaria as candeias
me sentaria na aurora
com Zé Limeira em cartaz
faria mil versos medonhos
de viola à Satanas
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Jossésandro
gostaria que você lesse este poema "Aurora Boreal de Lmebranças"dedicado à minha familia Belo para o Zé Mago e dizer que estou fazendo uma grande tela ilustrando o poema, para colocar no bar dele
abraços saudosos.
Inêz
AURORA BOREAL DE LEMBRANCAS I
A minha familia
Era uma casa muito engraçada, Muito pintada e temperada.
Era uma casa feita de ungüento, Curava tudo, com o pensamento; Denrtro da casa tinha as escalas,
Que coloriam,que musicavam Flores nos cachos e na sacada
Não era casa era um jardim Cheia de meninos, meninas e afins,
Toda por dentro cheira a jasmin Era uma casa assim assim
Por entre os bosques,
coqueiros, pontes
Onde arvoredos,contam alegres,
os meus segredos
E um canarinho que canta enciumado:
Sou eu o dono,tenho viola
Agora canto o que me consola
Para você sem medo enfim, Era uma casa com queimaduras, Com dor no peito e a se lembrar.
Era uma casa para três vidas,
muito escondida
Onde eu na rede me imbalaçava Portas e janelas escancaradas, Era uma casa muito engraçada Por uns sorria por outros chorava . Muros de encantos, de fantasias Tanto eu lembrava , como esquecia.
Era uma casa de cores finas,
Como a menina que desatina, Olho pintava, mão escrevia, Quando a janela enfim se abria
Là no telhado tinha as raizes. Embaixo a rede, e os pés- de -pranto Quando surgia, a angustia fria
Eu me dormia e me acalentava
Era a vinda distante que em mim que doía
Dormiam em bancos, perto da casa, Enroladinhos no cobertor,
sapos e gias, grilos, pirilampos
Esperanças ,gatos e curumins
Cobras, lagartos,e mil borboletas
Bichos- meninos que me escaparam
De outra casa com armaduras
Feia e triste, sem fantasia
De tão estranha, da tal da casa Foram se fartando, se desertando. Agora moram na minha casa
Ossos,madeira, tijolo e barro,
Gramado, palha, vento e mangueira,
Galos, avencas, pau brasileiro
Juntos na casa, quadros pintados, Perpetuados em mil paredes
Onde eu pintei com lágrimas amargas
As saudades doces que me assaltavam
Longe da casa, longe da cama
Onde ela contava historias lindas
E ele cantava a nos embalar
Penso com cuidado quando vou voltar
a ver os dias alegres da casa
que pelo momento me faz chorarPois nessa casa haverá festa
Vejo entre as frestas a luz do luar
Só falta um pouco, livros, biblioteca, Oh Nêga sapeca, vê se sossega! Inventa auroras no teu penar
Outra pintura sem ferradura
Para o amigo leva ternura,
Para a familia dos pés-de-pranto
leva os ungüentos do pensamento
Que eu me levanto para te ajudar
Com o benfazejo teu, percevejo,
Poeta esmerado
Que soube esperar
A hora e a vez do teu calcanhar
Noites perdidas, saistes rindo
Noutra gaiola a te acomodar
Olha, a casa está acesa,
chegue-se agora, podes entrar
Lá todo o tempo me será curto
Tenho uma vida pra costurar
Um pano longo que não acaba
Para cobrir-me quando eu dormir
De vez no pranto de existir
Só, sem vocês, meus queridos manos
Saudosos pais, distantes amigos,
Eu que os deixei, é que fiquei sozinha!
Sonhando um dia poder voltar
E a todos de vez, poder abraçar.

Inêz Oludé da Silva
Bruxelas,22 de Março,2002,














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