quinta-feira, 13 de agosto de 2009

TRIBUTO A BIMBA

UMA ALMA DIVIDIDA AO MEIO
A LEMBRANÇA DE BIMBA NESSE CHÃO


Josessandro Andrade e Petrôneo Laet

Numa noite gelada e sombria
Foi embora o meu amigo Bimba
Que estava na mocidade ainda
Tão ativo e tão cheio de energia
Na imprudência fatal e tão fria
Um carro passou prá contramão
E partindo em sua direção
Acertou sua moto mesmo em cheio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão

Fez do coração um carnaval
O seu ser transbordava de alegria
A zoada em forma de simpatia
E criou de um modo especial
Personagens do seu musical
Hedonista por capricho e opção
Agindo movido por paixão
Sua vida produto do seu seio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão

Quem de dedo em riste acusador
Pode alegar folha corrida
E não vê a ficha suja e perdida
De deputado, secretário e matador
De empresário lobysta e sonegador
No bem foi além da oração
E errou !quem não erra, erga a mão
Mas cuidado que mentir é muito feio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão


Como Gregório Matos barroco
Repartiu-se entre igreja e o mundo
Se fez carne e também foi profundo
Para hipocrisia era duro como um toco
Sem querer ser um santo- do- pau-oco
Sua fé tinha a participação
Pelos pobre sempre fez sua ação
Para os amigos era o esteio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão


Bimba foi do Egito uns ápodos
Que poucos decifraram sua esfinge
Na sociedade que trai e finge
Sua esfinge devorou a quase todos
Sua água não escondeu os lodos
Transparente jorrava em borbotão
Astúcia viva da imperfeição
Que nutria o perdão em seu veio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão


Bem aqui na praça da Resistência
Que por ele está vestindo luto
De silencio se fez um minuto
Compreendendo melhor a sua essência
Quem na vida foi a própria irreverência
De sujeito polemico e bonachão
Pedirá certamente a audição
De tangos e boleros por email
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão


Com a sua natureza de esculacho
O “fantasma da ópera” no seu som
Com saudade de Fernando de Acilon
Em seu espetáculo de escracho
Bimba no intangível espaço
O Taí desfilando em procissão
O estandarte de sonho em sua mão
Sua lágrima rola eu assim creio
Uma alma dividida ao meio
A lembrança de Bimba nesse chão

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